Claudia Lundgren: 'Só por hoje'
Só por hoje
Só por hoje,
porque o amanhã é incerto.
O dia terminou,
venci o que me sobreveio.
Driblei minhas crises ansiosas e vertiginosas,
que me prendiam em quatro paredes,
e consegui chegar ao meu destino final.
A cama, com suas garras,
queriam me aprisionar;
mas, só por hoje,
porque o hoje me basta,
levantei, encarando o monstro da apatia.
O calor dos pesados cobertores
me alertaram sobre o frio lá fora;
fiquei tentada a não sair
da minha zona de conforto,
mas lutei contra o meu eu
saindo no quintal.
Só por hoje, saboreei mais uma vez
aquele café de boa qualidade,
na minha caneca suada,
passado pela minha mãe.
Só por hoje,
não tomei o analgésico
para as dores costumeiras;
caminhei meus dois quilômetros;
te liguei, e estava tudo bem;
Por hoje,
tudo continuou na mesma;
o porta-retrato no lado esquerdo do móvel,
e o vizinho gritando com o filho.
Só por hoje eu vi o Sol nascer,
e também se pôr.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com