Márcio Castilho: 'La Corona del espiño'
La Corona del espiño
O vírus grassa
Nos glossários,
Na aglomeração,
Sem antígeno,
Sem antídoto,
Sem vacinação.
O vírus das classes,
O vírus dos pobres,
O vírus dos nobres,
O vírus crescente,
Dos descrentes
Ou não.
O vírus dos perdigotos,
O vírus dos perdidos,
O vírus dos presidentes,
O vírus do meio termo,
O vírus do meio oposto,
O vírus dos povos.
O vírus do amor,
Do sexo,
Dos exsudatos,
Dos atos,
De Buda, Jeová,
Oxalá, Alá, e Odin,
Da seleção de Darwin,
Da manifestação.
O vírus dos entes doentes,
O vírus das raças,
O vírus das castas,
O vírus onipresente,
O vírus da criação.
O vírus das portas fechadas,
Dos noticiários,
Das TVs ligadas
A discorrer
Sobre imunização.
O vírus das gotas
E dos gestos,
O vírus da internet
E da gente,
O vírus sem beijos,
sem abraços,
sem aperto de mãos.
Ante tantos vírus,
De cara,
A coroa veio,
Coroando
Sem floreios,
Nem rodeios,
O mundo,
O meio,
A multidão.
O vírus da clausura,
Do pânico,
Do para onde?
Do para quando?
Do para hoje,
Da postergação.
O vírus da Espanha,
Da Itália,
Da China
E também da
Nossa nação.
O vírus presente
Na praça,
No público,
No ensino,
Na saúde,
Na educação.
O vírus da pandemia,
O vírus da pantomina,
O vírus que isola as fronteiras,
O vírus sem eira,
Nem beira,
Num teatro,
Sem ventilação.
O vírus veio
A registrar em nossa história
O dia em que a Terra, sem vitória,
Parou…
Parou toda a humanidade,
Sem ser greve,
Sendo grave,
Sendo crise social
Em plena proliferação.
O vírus da discórdia,
O vírus do porquê,
O vírus sem questão.
Márcio Castilho
marciocastilho74@outlook.com