Gabriela Lopes: 'As escolhas que fazemos'
As escolhas que fazemos
No decorrer da vida, todos passam por diversas situações que lhes impulsionam a fazer escolhas. Cada circunstância dessa mudará os rumos da vida com maior ou menor intensidade.
E lá estava Beatriz, com pouca idade, entrando no ônibus rumo a uma ‘nova terra’, sem saber que estava apenas ao pé da montanha; mas ela desejava seguir em frente e ver a paisagem do topo. E as escolhas seriam muitas, e os tropeços seriam vários, e as feridas nas articulações seriam diversas, mas ela olhava para o topo.
Eis que um filme breve da vida de Beatriz se passou em pensamentos enquanto os quadrantes da estrada se moviam na janela. Árvores, cercas, vegetações e solidão. Nas ideias: expectativas, sonhos, ‘sementes’, medos e imensidões. E assim aconteceu na vida de Beatriz, naquele momento do tempo. Assim acontece com todos, nos momentos próprios do tempo de cada um.
Depois de tantas escolhas, Beatriz entendeu: cada uma delas ocupa um lugar único nos dias, influenciam a formação humana, familiar e profissional, na intensidade com que foram dispendiosas. Há escolhas que são um caminho sem volta e, no ponto positivo da questão, a busca pelo saber, pelo aprender a aprender, é um desses caminhos. Ocorre uma ‘deformação’ e outra ‘formação’ de um novo sujeito.
É comum ouvir que determinado caminho se seguiu, pois não houve escolha a ser feita. Será mesmo ou foi por ser mais cômodo não abrir mão de algo e simplesmente deixar seguir, do que arcar com as consequências da escolha do próprio caminho?
Não existe um manual que exprima a melhor escolha e que, com certeza, dará garantias desta ou daquela. Isso faz parte da escalada da montanha e do desejo de deslumbrar a cena do topo dela.
Ao optar por não decidir nada, nota-se que uma escolha já foi realizada: a de não se comprometer com a situação. Muitas vezes, a postura é tomada como meio de fuga.
O risco faz parte da caminhada. Ou você acha que aqueles que escalaram grandes montanhas simplesmente contemplaram a paisagem do seu cume, sem que tenham passado por quedas e escoriações ao longo da escalada?
Destino? Para aqueles que utilizam dessa vertente, justificando-se diante da vida, saibam que os traços dele saem das suas mãos, consciente ou não, os rumos é você quem desenha.
Albert Einstein deixou-nos a reflexão: “Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.”
Martha Medeiros, poetisa brasileira, completa: “Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro. Então, algum sofrimento sempre vai haver.”
Enquanto isso, Beatriz estava a passos calmos nos desfiladeiros da montanha, sentando nas pedras encontradas para descansar, desviando delas, retomando o fôlego e seguindo… Ela descobriu que o cume da montanha é simbólico; ele pode até ter um som mudo no dia de vislumbrá-lo em um crepúsculo qualquer. Mas, o que faz você humano é a experiência dos desfiladeiros da montanha; é por meio das quedas e ascensões que se tenta o novo, e isso arquiteta a história de cada um.
Sem esgotar, o artista Vincent Van Gogh, dando a devida pitada da sua percepção disse: “Que a cada dia você tenha paciência para as dificuldades, sensatez para as escolhas, delicadezas para as palavras, coragem para as provas… Ame muitas coisas, porque em amar está a verdadeira força! Quem ama muito conquistará muito! E o que for feito com amor estará bem feito.”
Quem sabe as grandes coisas da vida se resumam a isso?
Gabriela Lopes
gabils3377@gmail.com