Neusa Bernado Coelho: 'Festa Junina e a fogueira'

Neusa Bernado Coelho

Festa Junina e a fogueira

A festividade junina é originária da Idade Média; ocorria antes da evangelização da Europa, quando diferentes povos pagãos acendiam fogueiras e invocavam com veemência os deuses da natureza e da fertilidade. Segundo a tradição, esse ritual era para afastar os maus espíritos e proteger a colheita, principalmente de milho, na passagem da primavera para o verão, chamado solstício de verão do Hemisfério Norte. Mais tarde, o festejo junino foi cristianizado; nessa aculturação o milho continuou sendo o principal ingrediente dos pratos típicos das festas.

A origem da fogueira

Na tradição católica, a fogueira teve origem quando Maria, a primeira líder comunitária da humanidade, foi visitar a prima Isabel, grávida do bebê que se chamaria João Batista. Para saber a data que o menino chegaria ao mundo, as famílias  combinaram de acender uma fogueira nos montes da Judeia. Esse foi o sinal que permitiu informar o nascimento da criança. Portanto, a fogueira é o símbolo da anunciação do nascimento de São João, celebrado em 24 de junho, sendo uma das comemorações mais antigas do Cristianismo (há registros de 506 d.C.).

Para a Igreja católica, este é um dos santos mais importantes, haja vista que ele anunciou a ‘boa-nova’, previu a chegada do Messias à terra e também fez o batismo de Jesus no rio Jordão.

 

Festa de São João no Brasil

Venerada na Península Ibérica (Portugal e Espanha), a festa foi introduzida no Brasil pelos Jesuítas durante o histórico período colonial. A comemoração adaptou-se às ricas diversidades culturais próprias da miscigenação de raças: indígena, africana, europeia e asiática, presentes por todo o país.

A fogueira e a festa

Acender a tradicional fogueira é uma das práticas que cintila olhares das comunidades de todo o rincão brasileiro. Reza a lenda que esse símbolo deve ter a base arredondada, formato de fogo cônico, para diferenciá-lo de outras festas do mês de junho.

Aliados à fogueira, alguns componentes caracterizam as tradicionais festas, definidos de acordo com a região: mastro, foguetes, balões, danças típicas, brincadeiras, barraquinhas com guloseimas (bolo de milho, pamonha, pinhão, bolo de aipim, curau, canjica, arroz doce, rapaduras, paçoca de amendoim entre outros produtos regionais), acrescido de superstições, simpatias e bebidas tradicionais: vinho quente e quentão.

O peculiar cenário decorado com bandeirolas coloridas é incrementado pela presença dos casais a bailar seus trajes típicos nas tradicionais quadrilhas com suas sobressalientes maquiagens a brilhar, tranças exuberantes no cabelo, bigodes escuros e chapéus de palha, postos a esperar o casamento caipira. Complementado pela diversidade de crenças e simpatias a fazer pedidos e a saltar sobre a brasa da fogueira. Há os que preferem a brincadeira do pau de sebo, escrever no correio-elegante, acertar na pescaria ou argolas….

 

A festa junina muito popular nos rincões do país, destacam-se em algumas cidades grandes, especialmente Campina Grande, na Paraíba, considerada a maior festa de São João do mundo, seguida por Caruaru, em Pernambuco; São Luís, no Maranhão; Mossoró, no Rio Grande do Norte; e Teresina, no Piauí, e outras em menor proporção dão Vivas a São João!

 

Neusa Bernado Coelho