Artigo da leitora Sônyah Moreira

O início dessa história remonta de muitos séculos atrás

Esse circo chamado Palhaçolândia foi descoberto, meio que por acaso, por alguns desbravadores, chamados de palhaços, pois vinham de circos distantes e ao chegar em Palhaçolândia, se encantaram com suas belezas naturais, seu povo pacífico, sem nenhuma ambição. Os primeiros habitantes não imaginavam a existência de outras terras, outros circos, e que com a chegada desses desconhecidos, havia o perigo de perder seu picadeiro. Não tinham consciência, que aquele circo, simples, mais muito grande, com extensões continentais, e lonas listradas de verde e amarelo bem singelas, e pobre, muito pobre de moeda, mais com muitas riquezas ainda inexploradas. Ninguém imaginou no que se tornaria e que a Palhaçolândia pudesse se transformar em um dos maiores circos do mundo. Dentro dele foram sendo formados pequenos circos, todos com seus espetáculos e em sua maioria de comédia com palhaços. A composição administrativa dessa palhaçada seria mais ou menos assim: Um palhaço chefe, chamado de o grande palhaço, que cuidava dos diversos núcleos de palhaços, cada qual com seu palhaço maior e seus palhacinhos, esse sim a maior parte da população de palhaços, sim a população de palhaços cresceu, houve uma miscigenação com os desbravadores, e que com essa mistura surgiu uma característica única, os palhaços da Palhaçolândia, eram muito alegres, festeiros, animados mesmo, mais à verdade é que todos eram palhaços, uns com narizes maiores, outros menores, mais todos iguais de uma maneira geral. Mais como toda organização, a Palhaçolância também necessitava de coisas para a população de palhaços, coisas simples básicas, escolas, segurança, médicos, afinal, palhaço também adoece, comete infrações, precisava aprender a ler para fazer palhaçadas, etc.

Para que as coisas funcionassem de forma satisfatória para todos, o grande palhaço chefe, decidiu criar vários ministérios de grandes palhaços para cuidar cada qual de uma determinada área de palhaçada, digamos que ficou dessa maneira: Um palhaço para cuidar da palhaçada médica, outro para palhaçada da educação, outro da palhaçada da segurança, e assim por diante, a coisa foi ficando tão grande que começou a faltar palhaço para cuidar dos palhaços, e do jeito que está, vamos ter que importar palhaços estrangeiros é a única saída, vamos fazer aliança com outros lugares, falava o grande palhaço, ouvi dizer que tem um país nas vizinhanças, que o palhaço chefe está a décadas no poder, nossa será verdade? Então deve ter palhaço sobrando lá, trazemos para cá, aplicamos testes, afinal temos que ter certeza que são de fato palhaços, ou seja, diplomados, não vamos aceitar palhaços sem qualificação, não isso nunca, aqui temos ordem, dizia o chefe com ar superior. Mas como em toda aglutinação de seres, as coisas começaram a não satisfazer a todos igualmente, surgiam muitas reclamações, brigas, ofensas de todo forma, esse palhaço não cumpre a palavra, só promete, olha só, ta surgindo uma categoria nova de palhaço, o palhaço ladrão, é, alguns dizem, que esse palhaço “rouba, mais faz”. Em pouco tempo a palhaçada era geral, não havia comida para todos, faltava moradia, as escolas para formar palhaços, não ensinava o básico, multidões de palhaços, sem emprego, afinal os vários circos existentes na Palhaçolância, não conseguiam contratar mais, pois a cada palhaço contratado, tinha um imposto de palhaço a ser pago para o grande palhaço chefe, e a porcentagem do tributo aumentava absurdamente. Diziam os mais entendidos, que no mundo dos circos, a Palhaçolância era a que tinha mais impostos, os palhaços contadores não conseguiam acompanhar a mudança diária de tributos, os poucos palhaços que ainda trabalhavam e contribuíam, estavam chegando perto da aposentadoria de palhaço, afinal palhaço também envelhece, surgiam diversas medidas para que a palhaçada continuasse com o espetáculo por mais alguns anos, olha a coisa chegou a um ponto que havia palhaço sem forças para o trabalho, mais trabalhando, afinal os remédios de palhaços são caros, os médicos palhaços, não atendem sem receber pagamento, e os poucos hospitais públicos especializados em palhaços estavam falidos, faltava até gaze para enfaixar um simples nariz de palhaço.

A desordem e o caos se espalham na administração geral da Palhaçolândia, começou a surgir manifestações, greves, a palhaçada saia às ruas para reivindicar melhores condições, mais empregos, uma vida de palhaço digna. Mais o que nos deixa mais indignados que não há nenhum palhaço com coragem para mudar essa situação. Ah! Lembra do grande palhaço chefe? Esse está rico, na verdade milionário, com sua mulher palhaça, seus filhos palhaços, noras e genros também palhaços e nos melhores cargos para palhaços existentes na Palhaçolândia, e detalhe, morando em grandes e suntuosos circos, com picadeiros imensos exclusivos para suas palhaçadas, com banquetes regados por melhores vinhos, num conforto absoluto, com as fantasias de palhaço feitas com sedas importadas, finíssimas e tudo isso com o dinheiro da maioria dos palhaços contribuintes, as mudanças nos os espetáculos foram fenomenais, e passaram a ser chamado de palhaçodutos, esquema de palhaço roubando palhaço. Com isso tudo acontecendo, os palhaços chefes mal falavam com os demais palhaços, somente na época de estender o prazo de permanência no cargo de grande palhaço, nesse período eles saem às ruas, presenteiam os palhaços com narizes e colarinhos de palhaços novos, prometendo palhaçadas melhores, e conseguem convencer a maioria de palhaços a deixá-los por mais tempo nos cargos, e isso se repete constantemente por anos e anos, de geração em geração de palhaços, e pelo que vemos, vai longe, muito longe a palhaçada, sem perspectiva de mudanças, apenas mudando os narizes, mais continuando com os mesmos colarinhos de palhaço claro. E assim segue a vida nesse longínquo circo chamado Palhaçolândia.

Mais que fique bem claro a todos que os acontecimentos aqui descritos são fictícios, não tem nenhum compromisso com a veracidade dos fatos, e caso você encontre alguma semelhança com a vida real, não se preocupe, não passa de mera coincidência. Mesmo porquê, seria impossível viver num lugar com todos esses problemas, portanto, toda essa história é apenas  uma obra de ficção, esse lugar somente existe no mundo imaginário de seu autor (a), que sem a menor sombra de dúvida deve ser um palhaço (a).