Claudia Lundgren: 'Desde que Alice chegou'

Claudia Lundgren

Desde que Alice chegou

Aquele chorinho transformou-se numa voz tão feminina ao balbuciar os primeiros sons e as primeiras palavrinhas. Naquela lindas gengivinhas nasceram já cinco dentes proporcionais ao seu rosto fofo. Fofo de verdade, ela já nasceu assim, fofa por inteiro. Bochechas tão gostosas que sinto sempre aquela louca vontade de apertar.

Suas frágeis perninhas já se sentem confiantes ao ficar de pé. Falta pouco para ela andar, eu sei. Ela segura-se apenas com uma mãozinha no cercado.

Aos finais de semana sempre dividimos uma só quentinha: eu, ela e o Apollo. Ela mamou exclusivamente o leite materno até os seis meses, mas agora ela é uma mocinha e come de tudo. Ama comer. E quando não quer, diz que não com a cabecinha.

Ela dança e sorri ao assistir à Galinha Pintadinha, seu desenho preferido. E quando o desenho termina ela me olha e balbucia, como se quisesse dizer: ‘Liga, vó?’. Ela já chama a mamãe, o papai, e às vezes também me chama. Ela é muito tranquila,  não me dá trabalho em nossos dias juntas. Quase não chora. E é muito simpática.

Sua pele tão branquinha e seu cabelinho cor-de-ébano são a combinação perfeita. Eu sonhava com um bebê assim, que pudesse usar tiaras com laçarotes cor-de-rosa; com aquele perfume de condicionador docinho nos cabelos. Hoje ela usa as Melissinhas com cheiro de chiclete que comprei para ela antes de nascer. Aliás, a primeira Melissinha ela até já perdeu.

O tempo passa, não é? Quando eu pergunto a ela quantos aninhos  vai fazer, ela mostra com o dedinho: um! E bate palminhas quando cantamos parabéns. O meu bebê cor-de-rosa já vai fazer um aninho; estamos em contagem regressiva.  Ela já nasceu grande, mas amo sua delicadeza que vai além do tamanho.

Há 24 anos atrás eu também tinha um bebezinho em casa: a minha primogênita. Branquinha, com uns poucos fios cor-de-mel e que no seu aniversário também estava prestes à andar. Depois dela, só vi nascer meninos: meus filhos e meu neto.

Eu queria novamente um bebê que vestisse rosa, usasse laços, vestidinhos e casaquinhos de pelos; e Melissinhas também. E tenho tido, desde que Alice chegou.

Acaba não, mundão! Vê se passa mais devagar!

 

Claudia Lundgren

tiaclaudia05@hotmail.com

 

Esse vídeo que encontra-se abaixo é uma saudade. Um poema que compus há um ano atrás, quando estávamos à espera de Alice. ‘Quando Alice chegar’, declamado lindamente por Marcos Monnark: