Poetas de Sorocaba participam de evento em Salvador

Poesia na árvore (1)

 

Os poetas Carlos Carvalho Cavalheiro e Rodrigo Petit participam em março do projeto Pé de Poesia, evento que vai decorar com poemas as árvores de quatro praças em Salvador: Campo Grande, Sé, Piedade e 2 de Julho. Serão ao todo 500 poesias impressas em material especial (placas de PS), sendo que 400 são de autoria de poetas contemporâneos (em sua maioria baianos) e as 100 restantes fazem uma justa homenagem aos dois maiores expoentes líricos da Bahia: Gregório de Mattos e Castro Alves, cada um com 50 poemas.

Carlos Cavalheiro foi selecionado com a poesia “Época Apocalíptica” que faz uma reflexão crítica sobre as manifestações atuais que pedem a intervenção militar. Com uma estrutura de soneto (dois quartetos e dois tercetos), a poesia termina com os versos: “Porque não existe na vida nada mais triste / Do que receber lições de um dedo em riste / De quem não tem sequer um pingo de cultura”. Por sua vez, Rodrigo Petit apresentou ao projeto a sua já consagrada poesia “Ser Humano: A saga épica de nossa espécie”, que foi recentemente premiada no 50º FEMUP – Festival de Música e Poesia de Paranavaí (PR). A poesia é uma reflexão filosófica e histórica sobre o homem e a sua “evolução”. Ao término, Petit fecha o poema com os seguintes versos: “Homem, no torpor de nossa raça, no turbilhão das gerações, / o fruto amargo de seus genes condena-me, ó ser mundano, / pois já fui habilis, já fui erectus, sou sapiens / e agora só me resta: SER HUMANO!…”

O projeto “Pé de Poesia”, coordenado pelo escritor e músico Fabio Shiva, decorará as árvores de Salvador (BA) com poesias a partir do dia 14 de março (aniversário de Castro Alves) a 7 de abril (aniversário de Gregório de Mattos). Neste ano de 2016 esses dois poetas serão os grandes homenageados pelo projeto que foi selecionado pelo Edital Arte Todo Dia, da Fundação Gregório de Mattos (Prefeitura de Salvador), com apoio de Athelier PHNX, Servdonto, Artgraphic, Editora Cogito e Britto Serigrafia.
Inicialmente estava prevista apenas a participação de vinte poetas baianos contemporâneos, selecionados por sua produção lírica e participação ativa no cenário literário da Bahia. Com a excelente receptividade que o projeto vem recebendo, contudo, surgiu a ideia da presente Convocatória Pé de Poesia, que possibilita que poetas de todo o Brasil participem do projeto. Os interessados devem enviar um poema de sua autoria (com no máximo 22 versos) e uma foto com boa resolução para o e-mailpoesianasarvores@gmail.com até o dia 01/03/16. Os melhores poemas enviados serão incluídos no projeto, com direito também a publicação no blog (http://poesianasarvores.blogspot.com.br/) e na página do projeto no Facebook (https://www.facebook.com/poesianasarvores). Todos os poetas participantes receberão por e-mail a arte digital de seus poemas incluídos no projeto.

“A Poesia é necessária e vital como o ar que respiramos. Para muitos, que não percebem isso, tal afirmação pode parecer um completo desvario, no mínimo um grande exagero. Quem dera fosse assim. Mas a Poesia é tão fundamental para a sobrevivência humana no planeta como são as abelhas. Se a Poesia sumisse do mundo hoje, a humanidade não tardaria a se transformar em um imenso deserto de árvores ressequidas. Pois é a Poesia que mantém vivo o espírito humano. (…) Não deveria ser preciso afirmar aqui coisas tão óbvias. Mas não se iludam: é certo que a Poesia corre perigo. Submetidos ao constante dilúvio da superficialidade, trazemos o espírito cada vez mais embotado para o mergulho profundo exigido pelo olhar poético. No mundo inteiro, trezentos e cinquenta milhões de pessoas atualmente diagnosticadas como depressivas confirmam essa triste perspectiva: a Poesia está minguando, e com ela o sentido da vida.”

Fabio Shiva, no prefácio para o livro “Os Céus de Van Gogh”, de Thiago Prada (Caligo Editora, 2014)

O projeto PÉ DE POESIA é necessário e atual, justamente, por fazer um amoroso e lúdico convite para que as pessoas se recordem de que a Poesia existe ainda. E até mais importante, que a Poesia representa uma forma toda própria de enxergar o mundo, e que esse olhar poético pode ajudar o homem moderno a encontrar respostas válidas para suas muitas questões existenciais. As poesias que parecem brotar das árvores nos fazem lembrar que a Poesia é orgânica, em um mundo que se faz cada vez mais artificial. A leitura desse ou daquele poema, escolhidos ao acaso dentre tantos dependurados nas árvores, demonstram que a Poesia é fundamentalmente analógica, em meio a uma modernidade cada vez mais digital. E o mergulho necessário para a apreensão do conteúdo poético lido nas folhas impressas evoca a intensa profundidade da Poesia, em um cotidiano que exige mais e mais superficialidade.