Antônio Fernandes do Rêgo: 'Ao Augusto dos Anjos'
Ao Augusto dos Anjos
Tudo que eu disser nestes desarranjos
De letras é infinitamente pouco
Para o gênio tido até como louco,
Augusto de Carvalho R. dos Anjos.
Nasceu em Pau D’arco, uma fazenda
Onde hoje é o município de Sapé
Narrou o bardo a vida como ela é,
Visceralmente, em rígida contenda.
Num tempo, era um dos mais criticados
Poetas, porém, é hoje um dos mais lidos;
Em termos filosóficos embebidos,
É o pessimismo em versos bem rimados,
Mesclava à angústia visões sepulcrais,
Traços tem, entre outros, de simbolista;
É considerado um pré-modernista,
Mas seus poemas são atemporais.
Sua meta principal era ensinar
Foi poeta e eminente professor
Acadêmico em Direito e escritor,
Pois, nas letras marcou o seu lugar.
A sua poesia era repleta
De palavras esdruxulas, hermética,
Pronto a seguir rigorosamente a métrica.
Ninguém dominava a alma do poeta.
Porém aos seus trinta anos de idade
Acometido de uma pneumonia,
Amarga a dor tal como a descrevia
Em seus textos com tanta propriedade.
Pois é, encantou-se prematuramente,
Em Leopoldina nas Minas Gerais,
Seu nome está da história nos anais,
Lá o triste bardo vive eternamente.
Pois que patrono das academias
Leopoldinense de Letras e Artes
E a Paraibana de Letras, destarte,
Reconhecida áurea inda que tardia.
Pois é, fui inspirado pelo triste poeta
A compor este tétrico poema
Com olência de flores de alfazema,
Mas longe estou de tão notório esteta:
O CASTELO DO MEU SONHO
Meu coração – um castelo ancestral,
Onde vertia o amor em serenatas,
Ladeadas de jasmins as cascatas
Ensejavam paixão torrencial.
No salão ante a estátua colossal,
Dançava a vestal feito acrobata,
Radiavam florões o ouro e a prata,
Na arpa e no alaúde, a luz do castiçal.
Varreram seus jardins reverdejantes,
Os precípites zéfiros uivantes,
Que de súbito, num ímpeto medonho,
Me embaçaram em nuvens outonais
E em serpeios de doudos vendavais
Ruíram o castelo do meu sonho.
Antônio Fernandes do Rêgo
aferego@yahoo.com