Teatro virtual sob demanda : 'Leopoldina, Independência e Morte' inaugura nova temporada no mês da independência

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O espetáculo, em versão audiovisual, foi o escolhido para a estreia das sessões de streaming on demand na Plataforma Teatro

Com a aproximação dos duzentos anos da independência do Brasil em 2022, intensificam-se os debates e análises sobre o processo que levou o Brasil à separação de Portugal. O espetáculo “Leopoldina, Independência e Morte” apresenta ao público a oportunidade de conhecer a história pelo ponto de vista de alguém que teve participação decisiva no evento, inclusive como primeira mulher a governar o país em 1822.

A versão audiovisual do projeto, gravada em 2020 no Parque da Cantareira, ficará disponível para o público na Plataforma Teatro (plataformateatro.com) entre 2 e 30 de setembro de 2021,também com uma versão em Libras. Ao acessar o sistema do site, o espectador adquire o acesso ao vídeo por 48 horas, para assistir no melhor horário ou quantas vezes quiser – uma proposta similar ao aluguel de filmes pelo YouTube.

A Plataforma Teatro foi criada pela atriz e diretora Cristina Cavalcanti como resposta ao fechamento das casas de espetáculo desde o início da pandemia. Tornou-se, também, uma possibilidade de os artistas da cena investigarem novas formas de interação com o público. Desde sua estreia, o espaço virtual já recebeu diversas peças ao vivo e gravadas. A parceria com a Palimpsesto, produtora do espetáculo, inaugura o catálogo de streaming do projeto: “A oportunidade de levar o melhor do teatro a rincões distantes do nosso país e a romper fronteiras é nosso objetivo maior”. explica Cristina.

Idealizado por Marcos Damigo, o projeto Leopoldina, Independência e Morte nasceu em 2017 numa versão criada para o Museu do Ipiranga e, além das temporadas nos Centros Culturais Banco do Brasil de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e da veiculação de uma gravação no programa Curta Temporada da TV Brasil, foi gravada uma versão audiovisual da obra no Parque da Cantareira, em São Paulo, em fevereiro de 2021, com recursos da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural. A obra também foi publicada em livro pela Editora Giostri. Ao todo, o espetáculo já teve mais de 10 mil espectadores presenciais desde sua estreia no CCBB São Paulo em 2018, e 1800 espectadores nas veiculações e transmissões virtuais.

A obra retrata uma imperatriz Leopoldina ainda desconhecida por grande parte dos brasileiros: culta e preparada, foi além do papel que lhe cabia em seu tempo histórico. Primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil, teve importância decisiva no processo de independência. Engravidou nove vezes e morreu aos 29 anos.

“Além de simplesmente veicular mais uma versão gravada da peça, optamos por investigar esse lugar estranho, que não é nem teatro nem cinema. Se por um lado não temos o calor humano da presença que tanto alimentou este trabalho desde o primeiro encontro com o público em 2017, temos agora outros recursos para nos auxiliar, como as belas locações do Parque da Cantareira e os enquadramentos da câmera que conduzem o olhar do espectador”, diz Damigo.

“As cenas acontecem em espaços que dialogam com o texto. A natureza, tão cara a Leopoldina, passa a ser quase um personagem na primeira cena. A segunda cena, da conversa entre Leopoldina e Bonifácio, ocorre numa transição entre esse espaço aberto e o lugar onde ela fazia suas pesquisas em botânica e mineralogia. O delírio da terceira cena ganha concretude com a possibilidade da edição de imagens e do uso de efeitos sonoros e visuais”, conclui.

Sinopse
O espetáculo recria três momentos da vida da arquiduquesa austríaca que viveu no Brasil no século XIX, entre 1817 e 1826: recém-chegada da Áustria, ela relata a uma interlocutora estrangeira suas primeiras impressões sobre o Brasil; num segundo momento, Leopoldina, agora imperatriz, e José Bonifácio, seu principal aliado, analisam o complexo processo de independência após um acerto de contas; e, por fim, num delírio que consumiu seus últimos dias, ela relaciona sua vida, sua época e os projetos em disputa naquele momento com os dias de hoje.

A origem do espetáculo

“O ensaio publicado pela escritora e psicanalista Maria Rita Kehl no livro ‘Cartas de uma Imperatriz’ (Estação Liberdade) foi o estopim para encontrar o recorte de uma história tão rica e interessante, enfatizando a transformação da princesa europeia em estadista consciente de seu tempo histórico. Queremos também mostrar para o público de hoje o projeto de um país que, infelizmente, fracassou com a sua morte e o exílio de Bonifácio. Falar deste sonho de quando o Brasil se tornava uma nação independente é importante para nós, principalmente neste momento em que parecemos ter que negociar pressupostos muito básicos dos entendimentos sobre a vida em sociedade”, conta o autor e diretor Marcos Damigo.

Esta montagem é um sonho acalentado por Damigo há vinte anos. Suas inspirações para jogar luz sobre o legado da primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil (em duas situações ela governou o Brasil como regente interina: setembro de 1822, quando a independência foi proclamada, e no final de 1826, já em seu leito de morte), surgiram de um mergulho profundo na história de Leopoldina publicada em biografias, artigos e cartas – trechos das correspondências estão no texto no espetáculo. Falas de Bonifácio também foram extraídas de escritos do primeiro brasileiro a ocupar o cargo de Ministro de Estado. O historiador Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina, a história não contada“ (Editora Leya), prestou consultoria histórica para a peça.

Sobre a imperatriz Leopoldina

Descendente dos Habsburgo, a família mais poderosa do início do século XIX, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, capital da Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e de Maria Teresa da Sicília. Foi a primeira imperatriz brasileira e ficou conhecida popularmente como D. Maria Leopoldina. Deixou sua terra natal rumo ao Brasil para casar-se com Dom Pedro I, em um matrimônio arranjado típico daquela época.

Leopoldina chegou ao Brasil com 19 anos, morreu aos 29 e engravidou nove vezes. Articuladora e estrategista, foi responsável por ações cruciais para a política da época, mas seu grande feito como estadista não foi reconhecido até os dias atuais: enquanto regente interina durante viagem de Dom Pedro a São Paulo, ela reúne os ministros e decide pela independência do Brasil no dia 02 de setembro de 1822. Na peça, ela clama pela autoria do momento histórico e questiona a escolha do dia 07 de setembro para sua celebração.

Gostava de teatro e literatura e falava vários idiomas, além de ser botânica e mineralogista. Segundo Maria Rita Kehl, “D. Pedro continuava dependendo de Leopoldina; ela o orientava politicamente, comunicava-se com representantes de países estrangeiros com mais desenvoltura, falava mais línguas e era mais culta do que ele. Mas Pedro vingava-se da superioridade da esposa desmoralizando-a como mulher”. Conforme a paixão de D. Pedro por Domitila se tornava pública e ela ficava cada vez mais poderosa, Leopoldina e o projeto político que representava foram perdendo força. Morreu após um aborto, deixando cinco filhos, entre eles o sucessor do trono, Dom Pedro II.

FICHA TÉCNICA

Autor e Diretor Artístico: Marcos Damigo

Diretora de produção: Fernanda Moura

Elenco: Sara Antunes e Plínio Soares

Música: Ana Eliza Colomar

Figurinos: Cássio Brasil

Cabelo e Maquiagem: Otávio Maciel Gonçalves

Assistente de direção e produção: Vítor Gabriel

Intérprete de Libras: Elaine Sampaio

Produção Audiovisual: Central SP Produções

Direção/Edição: Alexandre Leal

Direção de fotografia e câmera: Jones Kiwara

2a câmera e fotografia still: Josemar Gouveia

Áudio: Wagner Pulga

Produção: Orlando Chavatta

Assessoria de Comunicação: Agência Fervo – Priscila Cotta

Identidade Visual: PrisLo

Design gráfico: Ramon Jardim

Consultor histórico: Paulo Rezzutti

Realização: Palimpsesto Produções Artísticas

Marcos Damigo (diretor/autor/idealizador)

Ator, diretor e autor teatral formado pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP), possui grande interesse pela história do Brasil como fonte de criação artística: ganhou o Prêmio Nascente da USP por seu primeiro texto teatral, “Cabra”, sobre a Guerra de Canudos; adaptou clássicos como “O Retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde), realizado pelo Teatro Popular do SESI SP, onde também foi protagonista, e “O Barão nas Árvores” (Ítalo Calvino), para a Cia. Circo Mínimo; e coordenou a dramaturgia do projeto “O Que Morreu Mas Não Deitou?”, indicado ao Prêmio Shell na categoria especial. Como diretor, realizou “Os Visitantes” (Priscila Gontijo) e “Perfeitos, Perversos e Educados” (Howard Brenton), que também traduziu para o português. Na televisão, estreou no SBT como protagonista da novela “Fascinação” (Walcyr Carrasco). Na Rede Globo, atuou em “Joia Rara” (Thelma Guedes e Duca Rachid), ganhadora do prêmio Emmy Internacional de melhor novela, e “Insensato Coração” (Gilberto Braga e Ricardo Linhares). Recentemente, atuou nos elogiados monólogos baseados nas obras de Machado de Assis “As Sombras de Dom Casmurro”, sob direção de Débora Dubois, e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, direção de Regina Galdino, que lhe rendeu indicação ao Prêmio APCA de Melhor Ator 2017.

Sara Antunes (atriz)

Esteve recentemente no ar como a evangélica Márcia na série “Segunda Chamada”, TV Globo, e em 2020 estará na série “Todas as Mulheres do Mundo”, de Jorge Furtado, também na TV Globo, uma homenagem a Domingos Oliveira, falecido em 2019.

Atriz formada pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP) e bacharel em Filosofia pela USP, foi uma das fundadoras do Grupo Tablado de Arruar e do Grupo XIX de Teatro, ambos de São Paulo, tendo realizado turnês pelo Brasil, Portugal, França, Inglaterra e Cabo Verde. Atuou em português, francês e inglês. Como atriz e dramaturga, atuou nos espetáculos premiados “Hysteria”, “Hygiene” e “Arrufos”, com o Grupo XIX de Teatro. Criou e atuou nos solos de sua própria autoria “Negrinha” e “Sonhos Para Vestir”, dirigidos por Vera Holtz. Foi Diretora-Assistente do espetáculo “Sentimento do Mundo” (Domingos de Oliveira). Também atuou nas peças: “Guerrilheiras ou Para a Terra não há Desaparecidos” (Grace Passô), sob direção de Georgette Fadel; “As Meninas” (Maitê Proença e Luiz Carlos Goés), direção de Amir Haddad; e “Vestido de Noiva”, direção de Caco Coelho. Entre os principais prêmios que recebeu, estão: APCA, Qualidade Brasil, Nascente, além de ter sido indicada ao Prêmio Shell, juntamente com o Grupo XIX de Teatro, como melhor atriz no Prêmio Questão de Crítica, e como melhor atriz coadjuvante no Festival de Gramado. Na televisão, participou do seriado “A Grande Família”, das novelas “Em Família”, “A Vida dos Outros” e da série “Nada Será Como Antes”, todas pela Rede Globo.

Plínio Soares (ator)

Graduado pela Escola de Arte Dramática (ECA/USP). No teatro atuou em diversos espetáculos, incluindo “Noés”, de Rafael Neumayr, direção de Carlos Gradim; “Sonata De Outono”, de Ingmar Bergman, direção de Aimar Labaki; “Maria Miss”, adaptação de conto de Guimarães Rosa por Ewill Rebouças, direção de Yara de Novaes; “A Mulher que Ri”, de Paulo Santoro, direção de Yara de Novaes; “Hamlet”, de William Shakespeare, direção Francisco Medeiros; “O Que Morreu Mas Não Deitou” e “Terra Sem Lei”, coordenação de Francisco Medeiros; “Ricardo III”, de William Shakespeare, direção de Roberto Lage; “Prova Contrária”, de Fernando Bonassi, direção de Débora Dubois; “Bonita Lampião”, de Renata Melo, direção de Renata Melo (indicado Prêmio Shell como Melhor Ator); “O Santeiro Do Mangue”, de Oswald de Andrade, direção de José Celso Martinez Corrêa; “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, direção de Francesco Zigrino; entre outras. No cinema, atuou em “O Coletor”, de Marcos Alquéres; “Therese”, de Fabiana Serpa; “Xingu”, de Cao Hambúrguer; “Ensaio Sobre A Cegueira”, de Fernando Meirelles, “Bruna Surfistinha”, de Marcos Baldini; “Domésticas”, o filme, de Nando Oliva e Fernando Meirelles. Na televisão integrou o elenco de “Malhação-Conectados”; “Mad Maria”; “A Cor do Pecado”, “Esperança”, “Coração de Estudante” (Rede Globo); “Telecurso 2000” (Fundação Roberto Marinho); “Homeless”; “Castelo Ra-Tim-Bum”; “Mundo da Lua” (TV Cultura); “Milagres de Jesus” – “A Mulher Encurvada”; “Cidadão Brasileiro” (Rede Record).

Ana Eliza Colomar (musicista)

Bacharel em Letras pela USP, completou seus estudos na Escola Municipal de Música de São Paulo. Atua profissionalmente tanto em música erudita, como em música popular, executando violoncelo, flauta e sax. Integrou a Orquestra Experimental de Repertório e a Orquestra Sinfônica de Santo André. Tem ampla experiência em espetáculos teatrais: Integrou o Grupo do Ornitorrinco, o Grupo XPTO, o elenco de “O Retrato de Dorian Gray” no SESI São Paulo, como instrumentista e arranjadora. Autora e intérprete solo da trilha de “Leopoldina, Independência e Morte”. Integrou elenco de “Noite Filme Noir Cabaret – Trixmix.” Foi flautista e saxofonista dos musicais “Les Misérables” e “A Bela e Fera”. Acompanhou e gravou com Edson Cordeiro, com participação de Ney Matogrosso, Laura Pausini, Fortuna, Gereba, Rita Ribeiro, Loop B, Socorro Lira, Fioti, Stela Campos, Quinteto Aralume, Grupo Bojo, Thiago Pethit, Tiê, entre outros. Desenvolve também projeto de união da linguagem acústica com música eletrônica junto ao Grupo Pedra Branca. Integrou o quarteto de jazz da pianista Christianne Neves com a qual foi solista no Festival de Jazz de Sorocaba, em 2013. Integra, há 20 anos, o grupo de música étnica Mawaca, com o qual participou de inúmeros festivais e shows pelo mundo, e o grupo de samba e choro Dedo de Moça, vencedor do fomento música 2019.

 

SERVIÇO

Leopoldina, Independência e Morte [versão audiovisual]

Plataforma teatro (www.plataformateatro.com)

Disponível entre 2 e 30 de setembro de 2021

Ingressos: R$20,00

Após a compra, o vídeo fica disponível por 48h

Opção com intérprete de Libras

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