Sandra Albuquerque: 'Passou dos sessenta'
Passou dos sessenta
Muitos queriam aqui chegar, mas perderam suas vidas das variadas formas possíveis.
Ser idoso, não deveria ser um peso à sociedade, mas é.
Tudo o que antes já não era muito favorável, agora é pior.
É como se portões da sorte fechassem: as oportunidades de emprego ficam escassas, pois as rugas que trazem em seu rosto mudam do status de experiente para inválido; o plano de saúde triplica, condenando-o à conformidade da caótica situação da falta de vagas em hospitais públicos; as medicações mais necessárias, com absurdos preços não se encontra na farmácia popular e a alimentação saudável que deveria ser acessível é uma verdadeira carestia.
Infelizmente, só os idosos ricos no país, que são a minoria, têm vida digna; os demais tateiam na corda bamba, tentando matar um gigante por dia.
As vagas gratuitas nos transportes públicos nem sempre são respeitadas e se o idoso for reclamar, ainda, perde a razão, mandando-o procurar o que fazer como se ele já nunca tivesse feito.
A maioria não se toca que todo idoso de hoje contribuiu para o progresso do país até aqui, pois foram milhares de dias trabalhados de sol a sol.
É uma vergonha, mas infelizmente, o país não está preparado para envelhecer, não levando em conta que isto está bem próximo a acontecer porque o índice de idosos aumenta a cada dia e logo, logo, seremos um país idoso.
Na vida social, o idoso quase nunca é convidado para as festas, pois alegam que o idoso dorme cedo e, muitas vezes, em festa de família, fica numa mesinha separado porque não tem papo.
Mas hoje no Dia de Idoso, tenho a esperança de um mundo bem melhor, pois o fato de ser idoso não está nas marcas que traz em sua pele e sim, é uma questão mental, pois vemos muitos jovens que não têm a vitalidade de um idoso.
Hoje em dia, o idoso vem lutando para mudar o seu quadro de peso morto: dança, faz ginástica, canta, namora, estuda, participa de vários eventos porque o que o idoso quer é viver com qualidade de vida e a sociedade precisa aceitar este fato, respeitando-o, dando a ele a oportunidade de viver com dignidade.
(Escritora Poetisa Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro/RJ, 1º/10/2021.