Grazielle Sabino: 'Você sabe o que são memórias afetivas?'
Você sabe o que são memórias afetivas?
A memória afetiva é aquela lembrança que surge por meio de elementos sensoriais e emocionais. Assim, ela aparece a partir de gatilhos específicos, como sons, cheiros, sabores e cores que remetem a algum momento importante que aconteceu no passado.
Como por exemplo, aquele ‘cheiro de vó’ ou aquele ‘gostinho de infância”, sensações que experimentei enquanto fazia a leitura do texto “Quando a casa dos avós fecha” (autoria desconhecida), o qual tenho a alegria de aqui compartilhar.
Como essas memórias são especiais para nós!
Fica o convite a essa viagem ao saudosismo.
“Quando a casa dos avós se fecha
Acho que um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre… pois, quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da família, que em ocasiões especiais, quando se reúnem, exaltam os sobrenomes como se fosse uma família real e, sempre carregados pelo amor dos avós, como uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.
Quando fechamos a porta da casa dos avós, também terminamos as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali respiram.
Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos avós é o que toda família precisa para ser feliz.
Nas reuniões de Natal, a cada ano que chega, pensamos: “…e se essa for a última vez? ” É difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.
O ano passa enquanto você espera por esses momentos e, sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes a sentarmos ao lado dos adultos na mesma mesa, brincando do almoço e do aperitivo do jantar, porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.
A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras, nunca se sabe se um primo vai trazer a namorada, porque aqui todos são bem-vindos.
Sempre haverá uma garrafa térmica com café ou alguém disposto a fazê-lo.
Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta, mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são seu povo, eles são sua cidade.
Fechar a porta da casa dos avós é dizer adeus às canções com a avó e aos conselhos do avô, ao dinheirinho que te dão secretamente dos teus pais como se fosse uma ilegalidade, é chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar na cozinha e descobrir as latas fartas de biscoitos e guloseimas, e destampar as panelas, e saborear a ‘comida de vó’.”
(A.D.)
As memórias afetivas ficam para sempre, é um pouco do que somos, parte da nossa identidade.
É tempo de olhar para trás com amor e viver o hoje com gratidão. Honrar a vida que fluiu naturalmente através deles (avós) para nossos pais até chegar a nós.
Sempre há tempo de renovar as suas histórias. Aproveite os momentos em família e guarde apenas o que precisa ser guardado.
Até a próxima.
Grazielle Sabino