Letícia Mariana: 'Leitura, escrita e ansiedade: o refúgio ideal'

Letícia Mariana

Leitura, escrita e ansiedade: o refúgio ideal

Intensamente ferida, o emocional permanece um enigma. Como fugir dos anseios que me restam? Não sei ao certo, mas preciso conter a fúria interior. Cresci repleta de livros – aqueles papéis amontoados – mas que tinham muito sentido para mim. Oras, mas o que seria sentido?

Ansiedade. Desde menina sofro com esse monstro que se torna cada vez mais atual! Quando me visto de leitura, isto é, beber da fonte de conhecimento inoportuno, consigo me acalmar aos poucos. Não é o suficiente. Preciso ser a dona das palavras!

Como se faz um poema? Podemos juntar os sentimentos e um pouco de amargura, talvez a esperança e uma pitada de autoconhecimento. Pronto, formamos versos!

— Eu odeio o que sou! – eu repetia, muitas vezes sem saber o peso das palavras. – Preciso acabar comigo!

Talvez fosse o fardo de não ter amigos o suficiente. Conhecer muita gente, mas ter pouco afeto. Todos se vão! Eu sou a marionete do tempo, um termo inutilizado. De qualquer modo, tenho sonhos. Sonhos que carrego como se fossem troféus imaculados! Será que, se eu tivesse amizades, elas entenderiam que meu sangue é feito deles?

O que eu não sou

 

Não quero ser,

Quero me ter?

Não sou o que sou,

Tampouco me sei.

O que eu não sou me transforma em palavras,

O que eu me tenho me diz.

Estou num confronto de infelicidade,

Sanidade infeliz!

Não quero não ser,

O que não sou.

E gostaria de saber,

Muito além do que sei,

De mim.

 

Letícia Mariana