Rejane Nascimento: 'Cárcere velado'

Rejane Nascimento

Cárcere velado

Uma vida só é construída e vivida se estamos abertos para seguir, desobstruir caminhos. Quando ficamos estancados presos nas armadilhas, permitimos que as energias negativas tomem as rédeas e curiosamente até apontamos o outro como culpado pelo que está dentro de nós; imobilizados, sequer notamos este acontecimento, então vivemos confusos e os conflitos internos atormentam o externo gerando um sofrimento que nos acopla ás ‘falsas certezas’.

Grades invisíveis prendem nossa alma em um cárcere velado; é um estado crítico e prejudicial, mas não percebemos o mal que fazemos a nós mesmos; nos sentimos confortáveis e não notamos que somos atingidos por respingos doloridos de cegueira; continuamos, então, amordaçados em sonhos perdidos e estagnados, decretamos nossa própria prisão em uma amargura que fica escondida, e este gosto encoberto destrói os ‘sins’ aos prazeres de uma existência real.

O tempo presente que, é nosso único espaço palpável, fica desperdiçado, pois passamos a vida correndo atrás de um conceito que já foi quebrado; deste modo, perdemos a oportunidade de abrir-nos ao novo;  apegados, negamos o que somos, temos medos e ficamos encarcerados, não olhamos adiante,  colocamos barreiras; não seguimos.

A disponibilidade para uma vida significativa e próspera exige a competência de caminharmos com as ‘próprias pernas’ e conquistarmos a liberdade, inteiros, com satisfação e compreensão de que o ‘eu’ só existe com o preenchimento de si mesmo, ou seja, se nos apoderamos do direito de ser, sem os resquícios dos desejos alheios, podemos fazer nossas próprias escolhas. Isso significa pensarmos com a própria cabeça, sentirmos com próprio coração, sem medo de errar, desagradar, arrepender-nos, sem medo da crítica que paralisa e não nos permite o movimento.

Podemos, através destas poucas palavras, interrogar-nos e nos propor a responder e reconhecer que quando nos aprisionamos, ficamos olhando para um ponto cego e a ruminação não permite a liberdade de ser.

Meu desejo com este pequeno texto é proporcionar um questionamento: será que estamos vivendo  neste  cárcere  velado?

 

Rejane Nascimento

rejane.d@hotmail.com