Neusa Bernado Coelho: 'O poder da Rosa'
O poder da Rosa
Anita Garibaldi
“Heroína dos dois Mundos” (1821-1849)
Expresso admiração por Anita, mulher revolucionária, na crônica de minha autoria premiada no Concurso realizado pela AJEB/SC e Associação Itália no Mundo, por ocasião da comemoração do Bicentenário de nascimento da heroína.
Ana Maria de Jesus Ribeiro, Aninha ou Anita Garibaldi, uma rosa garbosa que, com trejeito e ginga, enfeitiçou o coração de Giuseppe, um jovem exilado italiano, o homem que a acompanhou no amor e na batalha por dez longos anos. Desfilou a magia feminina entre mares e montanhas, lares e casebres, praias e convés de navios, empunhando corajosamente arma de fuzil tal qual flauta da harmonia. Destemida, brada aos homens: ‘Vamos à luta!’. E, nas cores destiladas em rajadas de canhões da Revolução Farroupilha, atestou a valentia e sapiência da mulher à frente do seu tempo, para em seguida desfraldar calmaria em pétalas brancas da paz e o doce beijo de paixão no amado.
O adeus à idílica Laguna, sua terra natal foi aos dezoito anos de idade rumo ao batismo de fogo na Batalha Naval de Imbituba. No Uruguai, casou-se com Giuseppe Garibaldi; depois foi lutar ao lado do marido pela unificação da Itália, deixando rastro de encantamento e admiração por onde passava.
A radiosa história dessa mulher sonhadora iniciou há duzentos anos, em 30 de agosto de 1821, na localidade de Morrinhos, Tubarão, hoje a majestosa e histórica Laguna. Fundada por açorianos, abrigou viajantes para abastecerem-se de provisões e fazerem reparos em suas embarcações. No local, encontra-se para visitação o ‘Museu Casa de Anita’ que relata a história da ilustre moradora. A importante personagem nomeia avenidas, ruas e escolas por todo o Brasil. Em sua deferência, foi inaugurada a monumental ‘Ponte Anita Garibaldi’, em Laguna.
Em 1849, aos 27 anos, grávida do quinto filho, não resiste a fugaz perspicácia e desfalece nos caminhos dos campos de Ravenna, Itália, vindo a sucumbir nos braços do amado que um dia lhe dissera: ‘Tu deves ser minha!’. Mais tarde, recordaria: ‘Era Anita! A mãe dos meus filhos! A companheira de minha vida, na boa e má fortuna! A mulher cuja coragem desejei tantas vezes’.
O bicentenário de nascimento da ‘Heroína de Dois Mundos’ confirma o legado de que jamais será esquecida. Nas confrarias é rememorada em versos e prosas; em coletâneas, obras autorais e materiais didáticos. Seu nome está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da liberdade e da democracia, em Brasília.
Em 2021, a comemoração a enfeitiçar corações, inclui a plantação da rosa híbrida desenvolvida na Itália, especialmente para homenagear a jovem flor que um dia transitou entre o Brasil e Itália em busca da liberdade republicana. Agora, renasce em diversos jardins por onde passou, em forma de ‘Due Mundi e Uma Rosa per Anita’.
Neusa Bernado Coelho
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