Artigo de Celso Lungaretti: 'AINDA TEMOS UMA CHANCE DE VIRAR O JOGO. NÃO PODEMOS DESPERDIÇÁ-LA!!!'

PT COGITA LANÇAR CAMPANHA POR NOVAS “DIRETAS JÁ”


Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia
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Colunista muito bem municiada por algum figurão do Partido dos Trabalhadores, Mônica Bergano trouxe neste sábado (16) uma interessante informação de cocheira:

O PT discute lançar uma campanha pedindo diretas já caso o impeachment seja aprovado no domingo e Dilma Rousseff seja posteriormente afastada pelo Senado.

A ideia é sustentar que o mandato de Michel Temer, que assumirá interinamente até Dilma ser julgada, é ilegítimo e que eleições já seriam a melhor solução para a crise política.

Expliquemos. Caso o impeachment seja aprovado amanhã por dois terços dos deputados federais, será enviado ao Senado.

 

 

Aí, por maioria simples, os senadores decidirão se aceitam ou não receber o processo. Se 41 deles, do total de 81, cravarem sim, Dilma vai ser afastada por 180 dias, com a caneta presidencial passando às mãos de Temer.

Quem acreditar que, seis meses depois, ela vá ser inocentada e possa reassumir o mandato, compra até terreno na Lua…

De resto, é provável que eu jamais venha a saber se a proposta que lancei no meu artigo de ontem foi ou não levada em conta nessa discussão interna do PT. Evidentemente, enderecei-a a alguns grãos petistas cujos endereços de e-mail possuo, mas não houve resposta.

De qualquer forma, o meu passo-a-passo é melhor do que o revelado pela Mônica.

Se quiser mesmo dar a volta por cima, o partido precisa mudar sua prioridade tão logo a Câmara Federal fulmine Dilma.

Caso contrário, certamente o Senado a mandará para casa por 180 dias e, se só então o PT passar a contestar a interinidade de Temer, o Brasil inteiro avaliará isso como oportunismo e exercício do direito de espernear

Se, pelo contrário, Dilma renunciar, atirar na cara de Temer que seu dever é renunciar também e a esquerda de imediato lançar a campanha das novas novas diretas já, o impacto vai ser muito, muito maior. Poderemos até virar o jogo.

Só obtemos grandes vitórias quando nos dispomos a encarar grandes perdas e grandes renúncias. O PT quer fazer política com a cautela e a mesmice dos guarda-livros (contadores) dos grotões. Precisa pensar grande.

 

 

DILMA AINDA PODE, COMO VARGAS, EVITAR A APOTEOSE DO INIMIGO. E NEM PRECISARÁ PAGAR COM A VIDA.


Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia
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Depois de uma canhestra e infrutífera tentativa de salvar-se do impeachment anunciado no tapetão do Supremo Tribunal Federal, nada mais resta a Dilma Rousseff afora a perspectiva de ter (pelo menos) dois terços dos deputados federais decidindo que ela faz jus ao impedimento. Era um placar negativo difícil de atingir. Ela conseguiu. Um fenômeno.

Qual a chance de, no Senado, ela não ser depois fulminada por maioria simples? Nenhuma. Zero. Game over..

Ainda assim, Dilma parece disposta a continuar esperneando até o mais amargo fim, para depois ser clicada pelos fotógrafos ao retirar-se chutada do Palácio do Planalto enquanto os adversários estiverem festejando por todo o País. Após buscar tão diligentemente a derrota, ainda vai posar de derrotada, para gaudio dos que há muito queriam ver sua cabeça empalhada exposta na parede dos troféus.

Há quem louve tal teimosia, como se fosse espírito de luta. Não é.

Guerreiros de verdade não insistem em travar batalhas suicidas, para serem dizimados junto com seus efetivos, enquanto ainda existe uma mínima possibilidade de se retirarem com uma vitória na derrota, preservando suas forças para uma futura revanche.

O que seria uma retirada organizada, agora que barrar o impeachment se evidencia como totalmente impossível? Eis o roteiro:

  • renúncia de Dilma tão logo o impeachment seja aprovado na Câmara;
  • na mensagem derradeira, exortação de Dilma a Temer, no sentido de que renuncie também e dê ao povo brasileiro a possibilidade de escolher alguém em quem realmente confie para conduzi-lo neste momento dramático da vida nacional, pois até as pedras sabem que os eleitores votam em presidentes e não dão a mínima para quem seja o vice;
  • imediata adesão do PT e outras forças de esquerda à campanha por uma nova eleição presidencial, revivendo o espírito das diretas já.

Uma vez que Dilma cultua tanto a imagem de Getúlio Vargas, por que não o imita?

Não precisaria abrir mão da vida, só do cargo.

Encostar o Temer na parede, apontando-o ao povo como o grande obstáculo à melhor solução para a crise seria o equivalente à carta-testamento.

E, caso tal ato gere uma reviravolta que impeça o inimigo de colher o fruto podre de suas tramoias, o paralelo se completará.

Assim um guerreiro de verdade faria. Assim fez Vargas.

Assim fará Dilma, se ainda prezar sua dignidade e se ainda for fiel a opção assumida meio século atrás, de colocar as necessidades e interesses do povo sofrido acima de quaisquer considerações de ordem pessoal.