Artigo de Celio Pezza: 'O Grito dos Inocentes – Parte III'
Célio Pezza – O grito dos inocentes – Parte III
Nos artigos anteriores falamos sobre a matança dos inocentes e fizemos uma pequena viagem pelo mundo mostrando a crueldade humana contra os animais. Agora veremos a matança de seres humanos.
Desde o aparecimento do homem na Terra, que ele mata seus semelhantes e cria requintes de crueldades.
Podemos ver na bíblia, na época de Adão, um assassinato entre irmãos. De lá para cá, a história só nos mostra episódios sangrentos, como as pragas de Moisés contra os egípcios, a carnificina dos inocentes primogênitos, etc..
A História nos mostra a guerra e a crueldade de um povo contra o outro e, atrás disto, sempre a figura de um Deus guerreiro, extremamente mau para com seus desafetos, rancoroso, vingativo e que não admite não ser adorado.
Temos registros de grandes guerras como a Guerra de Tróia, 1250 anos antes de Cristo, onde durante dez anos, morreram centenas de milhares de gregos e troianos.
Após a vinda de Cristo e o advento da igreja, começaram as guerras em nome da fé ou guerras santas.
Temos as cruzadas, onde os cristãos massacraram os turcos e judeus de Jerusalém; aliás, o papa João Paulo II pediu perdão pela igreja católica ter cometido esta carnificina há 900 anos.
Tivemos as missões espanholas na América do Sul, onde milhões de índios foram massacrados em nome da fé. Só no Peru, quando o conquistador Pizarro chegou, havia perto de 6 milhões de habitantes e uma cultura indígena avançada. Em poucos anos, os conquistadores e evangelizadores trucidaram os incas e sua cultura.
Continuando, tivemos o terrível episódio da Santa Inquisição na Europa onde, segundo alguns historiadores, mais de 10 milhões de pessoas foram torturadas e mortas durante vários anos.
Destacamos também o dia 24 de Agosto de 1572, conhecido como a Noite de São Bartolomeu, quando, com o consentimento do papa Gregório XIII, os católicos da França iniciaram a matança de mais de 100 mil protestantes, chamados de “huguenotes”. Os sinos tocavam sem parar para festejar a vitória de Deus contra os hereges. Dizem que havia tantos cadáveres nos rios, que os franceses ficaram sem comer peixes por vários meses.
Nunca tivemos um só ano de paz no mundo, até que, entre 1914-1918, tivemos a 1ª. Guerra mundial, com perto de 30 milhões de mortos; logo em seguida, entre 1939-1945, tivemos a 2ª. Guerra mundial, com 70 milhões de mortos. Neste conflito, tivemos o maior crime de guerra do mundo, com o lançamento de duas bombas atômicas pelos americanos nas cidades de Hiroshima em 06 de agosto de 1945 e Nagasaki, em 09 de agosto de 1945, com meio milhão de mortos. Albert Einstein enviou em 02 de agosto de 1939, uma carta ao presidente americano Roosevelt, pedindo para que investisse na construção da bomba atômica, com base em suas teorias. Em 1945, ao ver os resultados de sua criação, se arrependeu e iniciou uma campanha para suspender todos os testes nucleares, pois os efeitos eram muito piores do que os previstos. Numa entrevista coletiva, ele pediu para que todos os americanos mandassem cartas ao então presidente Truman, pedindo que não utilizasse a energia atômica para fins militares. Neste momento, perguntaram a ele o que tinha a oferecer, já que o presidente americano oferecia a paz em troca do uso da bomba. Ele mostrou a língua, na foto que passaria para a história e disse que oferecia sua língua para que os americanos passassem os selos das cartas.
Atualmente, temos guerras e genocídios localizados em diversas partes do mundo: Vietnã, China, Indonésia, Sérvia, Rússia, Iraque, Afeganistão, Palestina, Faixa de Gaza, Bangladesh, índia, Golfo, Ucrânia, África, Síria, etc.. Somando isto tudo, temos milhões de mortes por ano continuamente na nossa era moderna.
Este é o retrato do ser humano. Não sabe viver sem guerras, sem a prática da crueldade e intolerância.
A grande pergunta é: por que o homem é mau? Ele já nasce mau ou fica mau ao longo de sua vida? Será que os gritos de todos os inocentes, homens e animais, nunca serão ouvidos?
Vamos explorar esta questão na quarta e última parte deste nosso ensaio sobre o grito dos inocentes.
Célio Pezza
Abril, 2016