Sandra Albuquerque: 'A espera'
A espera
Uma data se aproxima.
E as ruas superlotadas
Gente para todos os lados.
As pessoas sorriem
Embaladas pela emoção
Sim! das compras de presentes.
E ali, eu, encolhida
atrás de uma velha porta
caótica de madeira,
jogada às traças
e ao tempo
e escorado num velho móvel descartado
pelo dono da loja.
As pessoas passam por mim
e não me enxergam.
Eu sou , apenas, uma criança, sem infância,
numa deplorável miséria,
longe dos sonhos
e banhada pelas lágrimas da dor que o frágil corpo corrói.
E mesmo no fim do túnel,
pois não vejo futuro pra mim,
ali continuo,
esperando que uma alma bondosa apareça e me faça renascer das cinzas como a fênix.
Eu preciso sair daqui.
Será que não tem ninguém
que me leve para casa?
e que pelo menos, me dê guarida, um banho descente,
uma comida quentinha
e uma roupa nova ?
já que é Natal!
E falam tanto em amor
quando só vejo desamor.
Olhem para meu rosto,
pois eu ainda não morri,
mas sinto o cheiro da morte.
Meus ossos estão frágeis e minha alma geme.
Por favor, olhem para mim!
(Poetisa Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro,23/12/2019.
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