Glenda Brum de Oliveira: 'Altruísmo o ano inteiro'
Altruísmo o ano inteiro
Talvez você tenha visto um vídeo que circula pela internet sobre um entregador de água que está no cumprimento do seu dever, mas é barrado ao tentar entrar num elevador.
Uma mulher carrancuda e de olhar duro tenta evitar que o trabalhador, com um galão de água enorme no ombro, entre no elevador. Ela alega que já está lotado e não há mais espaço. Asperamente, cospe as palavras para ele esperar o próximo.
Uma jovem imediatamente sai e pede que o homem, com semblante cansado, tome o seu lugar, dizendo que ela irá subir no próximo. A cena é cortada e o vídeo retoma a história, com a jovem chegando a um escritório e se desculpando, porque está cinco minutos atrasada para a entrevista de emprego.
O executivo, que a aguardava para a entrevista, ao vê-la sorrir, diz que o emprego já é seu; que ela se dirija ao setor de recursos humanos, para preencher a papelada da contratação. A jovem fica sem entender nada. E o vídeo retoma a imagem inicial. O novo chefe estava no elevador e viu o gesto de bondade da jovem, ao ceder seu lugar ao entregador de água.
É comum ouvirmos o termo “idiota”, quando alguém se exaspera com o outro, mas poucos compreendem o significado desse termo na sua raiz grega; que significa uma pessoa egoísta, egocêntrica, que pensa apenas em si mesma; incapaz de ter empatia pelo outro. No lado oposto dessa atitude temos o altruísmo, que revela uma total preocupação com o seu semelhante, ao ponto de não pensar na própria necessidade ou segurança; como a jovem da nossa história. Mesmo sabendo que o chegar atrasada poderia acabar com suas chances de conseguir o trabalho que desejava, não pensou, antes de ceder seu lugar no elevador, para o entregador de água.
A vida no século XXI trouxe mais idiotismo, do que altruísmo. Porém, nesses tempos de pandemia, viu-se o altruísmo ressurgir em muitos lugares. Jovens se disponibilizando a auxiliar idosos, para que esses não se expusessem saindo à rua, para fazerem suas compras de mercado ou farmácia.
Pessoas doando-se em campanhas para arrecadar alimentos, os embalar e entregar para famílias e pessoas, que tinham perdido seu modo de sustento. Ou ainda, houve quem se disponibilizasse a fazer pães por preço simbólico; ou preparar sopas e entregar na rua, aos que não conseguiam mais comprar o próprio alimento.
Vimos uma legião de médicos e enfermeiros incansáveis, trabalhando até a exaustão, ou até indo além, dando suas vidas no cumprimento do dever de tentar salvar vidas alheias. Numa manifestação de que seguiram um exemplo mais antigo de amor a humanidade; o exemplo do personagem, que marca a divisão da história desse mundo: Jesus Cristo.
Todos os anos, milhares de campanhas publicitárias e humanitárias são feitas no final de ano. Mas conforme os anos passam, o motivo originador das festas de final de ano é esquecido. Ele, o maior exemplo de altruísmo que o mundo já viu. O Filho do Deus Criador, deixou as cortes celestiais, para estar com seres humanos obstinados em fazer o mal. E Seu amor por essa raça decadente foi tal, que deu Sua vida para que seres, não merecedores, pudessem viver.
Nesse encontro entre Deus e o humano, vemos o antagonismo entre o egoísmo humano e o altruísmo divino. Fica-nos a lição de que sermos altruístas é imitarmos o divino. E essa atitude não deve ficar restrita a épocas específicas do ano, como Páscoa ou Natal, mas deve ser prática constante em todos os dias do ano.
Glenda Brum
glendabrum@gmail.com