Márcio Castilho: 'Cabala'
Cabala
Separa o joio do trigo,
A amizade do inimigo,
A força e seu centro,
Esse amor excêntrico,
Esse esoterismo.
De joelhos te imploro:
Decifra-me ou te devoro,
Ou sou devorado pelo egocentrismo,
Pelo espelho de narciso,
Pelo sub deste solo.
Amai a mim, sem joio,
Trazei o trigo nos olhos,
A matemática do amor,
A subtração da dor,
O conjunto infinito dos sonhos.
Decifra-me essa esfinge
Que sou; quase pedra que me agride;
Me agride e te desinsufla,
Te rouba o ar qual efeito estufa;
Essa esfinge que, de esfinge, se finge.
Decifra-me as incógnitas desse amor-paixão,
Habitante do coração
Que os lábios calam,
Que faz-me amar-te no centro da cabala
E entregar a vida à perdição.
Márcio Castilho
marciocastilho74@outlook.com