Uma pedagoga das letras e das artes, Maze Oliver é a mais nova colaboradora do ROL!
Entre textos em prosa, poemas, roteiros de cinema e contação de histórias, Maze Oliver escreve mais uma página do Jornal ROL!
Maze Oliver, natural de Rio Branco/AC, profissionalmente é pedagoga, com especialização em Orientação Educacional pela Universidade Federal do Acre (UFAC), com pós-graduação em Ensino Infantil e Fundamental.
Por mais de dez anos exerceu a função de coordenadora pedagógica e de ensino em escolas da rede municipal e estadual de Rio Branco, onde, junto com a gestão, deu assessoria ao desenvolvimento de projetos voltados à formação de pequenos leitores.
Na área lítero-cultural é escritora, poetisa, contadora de histórias e roteirista de cinema.
Maze tem sete livros autorais publicados, cinco deles no clube de autores na Net e participa de quase trinta trabalhos coletivos (Antolgias).
Foi presidente da Associação Acreana de Cinema e coordenadora do Centro de Comunicação e Formação da Diocese de Rio Branco.
É membra fundadora e foi a primeira presidente oficial da Associação Sociedade Literária Acreana (SLA – Acre).
Imortal fundadora da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia.
Membra fundadora da Academia de Belas Artes do Rio Grande do Sul.
Membra da Academia Acreana de Letras- AAL
Membra da Editora Baronesa e da AJEB-AC e da Federação Brasileira dos Acadêmicos de Letras e Artes (FEBACLA).
Colunista da Revista OZ (RJ).
Colunista do Inter-NET Jornal.
Maze inaugura sua colaboração no ROL com uma comovente história sobre sua avó Maria: ‘A história de minha avó’!
A HISTÓRIA DE MINHA AVÓ
Minha avó Maria veio do Nordeste muito jovem. Naquela época as mulheres casavam muito cedo e muitas vezes com uniões arranjadas pela família. Minha mãe contou-me que minha avó nem pôde se despedir dos seus pais, porque seu marido, Antônio, não deixou. Estava muito apressado para embarcar na viagem que o traria ao Acre. Ele, o marido, sonhava em ganhar muito dinheiro como seringueiro, pois havia muita propaganda do governo brasileiro sobre esse fato. Minha avó trouxe com ela apenas seus dois filhos pequenos e algumas roupas na bagagem.
Na viagem de navio, antes de chegar nas terras do Acre, seus dois filhos morreram de doença desconhecida e minha avó viveu a triste tragédia de ver seus corpinhos jogados na água, sendo esse o ‘enterro’ de seus rebentos amados. Assim, chegou desnorteada e chorando às terras acreanas.
Meu avô foi trabalhar de seringueiro, uma aventura pelas matas, conhecendo feras e as belezas naturais. Seu grande sonho de ficar rico com a extração da borracha e voltar para o nordeste não aconteceu. Ele e minha avó tiveram muitos filhos, mas que não vingavam, pois morriam antes de nascer. Meu pai foi o grande sortudo que conseguiu nascer vivo, após uma promessa de minha avó Maria Coleta a São Raimundo. O nome do seu terceiro filho, Raimundo, foi em homenagem ao santo milagreiro. Meu avô Antônio não durou muito e sucumbiu diante da malária recorrente que contraiu, que é uma febre mortal muito comum da mata amazônica; acontecimento fatídico que deixou minha avó sozinha, com o pequenino Raimundo para sustentar.
Mas uma mulher nova e viúva não ficava muito tempo solteira por essas bandas, naquela época. Logo minha avó casou com outro seringueiro, também viúvo e com três filhos, ainda pequenos. Ela achou que teria uma nova chance de ser feliz. Porém, seu novo marido não foi tão bom para o seu filho, que, com quatorze anos, saiu de casa por não suportar sua vida naquela nova família. Minha avó ficou novamente muito triste com o ocorrido.
Raimundo jurou que venceria na vida e buscaria sua mãe para morar com ele. Ele não ficou rico, mas depois de alguns anos casou-se e cumpriu sua promessa. Trouxe minha avó, Maria Coleta, para morar com ele. E assim Maria pôde ter alguns anos de vida tranquila nas colônias do Acre trabalhando e mimando a única neta que conheceu, Eu. Ela brincava comigo, me contava histórias e mais histórias e dizia-me que estava feliz!