Patrícia Alvarenga: 'Minha primeira leitura de 2022'
Minha primeira leitura de 2022
Sim, mais um livro dela! Letícia Wierzchowski é minha autora nacional de romances preferida. Este foi o 14º livro dessa gaúcha, com origens polonesas – que já publicou um total de 32 livros – que tive o privilégio de degustar e, mais uma vez, me deleitei com a história. Outra obra de qualidade ímpar!
É um misto de romance com biografia, escrito, como é o estilo da autora, de forma extremamente poética, sensível e elegante. Entre ficção e realidade, narra a história real de Adelina Hess, descendente de alemães, que viveu em Santa Catarina e foi a fundadora da famosa Camisaria Dudalina. Personagem principal da trama, Adelina foi uma mulher muito à frente de seu tempo. De personalidade forte, visionária, excelente negociante e trabalhadora incansável, foi, ainda, esposa apaixonada e mãe de dezesseis filhos! Superação, tenacidade, coragem, força, labuta e muito amor foram necessários para criar uma família tão grande, ao mesmo tempo em que planejava, diuturnamente, o crescimento de seu negócio.
(…) ´Bem tarde, quase madrugada, Duda provou a primeira camisa. Elogiou-lhe o caimento, a bainha, o feitio da gola. Adelina entregou ao marido um sorriso límpido como um rio que corria atrás da casa sob a luz da lua.
Ela havia acertado a mão. Trabalhou-se o domingo todo.
Na segunda-feira, havia uma arara de camisas esperando os clientes na venda`. (…) (Página 207).
A narrativa – feita de forma não linear – é realizada pelas três moiras fiandeiras, as quais, na mitologia grega, eram as três irmãs que determinavam o destino de deuses e de seres humanos, produzindo, tecendo e cortando o fio da vida de cada ser.
(…) ´Eu sou uma das três Moiras, que tudo fiam e tudo tramam. Chamam-me destino, mas eu não faço nada sozinha.
Minhas duas irmãs e eu tecemos o fado dos homens desde o limiar do mundo, sentadas à sombra dos séculos numa das curvas do tempo. (…)
Nem bonitas nem feias, alheias a qualquer idade, nós, as três filhas de Moros e Ananques, tramamos o tecido da vida, posto há um fio que costura o destino de cada homem sob o céu. ` (…) (Página 21).
É um livro que homenageia, postumamente, não só a fenomenal Adelina Hess, mas todas as mulheres, ao destacar a força e a coragem do gênero feminino.
O curioso título da obra advém dos doces degustados na casa da personagem principal, como tradição após cada parto, pois, segundo o costume familiar, alegravam os parentes e amigos, e davam forças à mãe, que precisava se recuperar.
Letícia Wierzchowski é uma autora espetacular, cuja sensibilidade e inteligência conquistam leitores, a cada obra lançada!
Recomendo imensamente a leitura!!!!
Patrícia Alvarenga
patydany@hotmail.com