Neusa Bernado Coelho: 'Mercado Público Municipal de Palhoça/SC – Memória do século passado'

Neusa Bernado Coelho

Mercado Público Municipal de Palhoça/SC

Memória do século passado

No início do século XX, Palhoça era pujante na produção agrícola, pecuária e pescados. Havia grande quantidade de olarias que fabricavam telhas e tijolos, além dos engenhos que produziam farinha de mandioca de excelente qualidade. O Mercado Público, além de ponto de encontro da diversidade, era o entreposto comercial para comercializar essas mercadorias trazidas por agricultores do interior e da serra. Os tropeiros transportavam mercadorias em lombos de mulas durante dias até chegar ao Mercado Público. Daí, ao Porto de Florianópolis (antiga Desterro), o transporte era feito pelo mar, por meio de lanchões, bateiras e barcos movidos a vela. A população de Desterro crescia e o comércio da capital se abastecia dos produtos produzidos nos Distritos localizados no continente fronteiriço, inclusive, Palhoça.

Em 1926, com a construção da Ponte Hercílio Luz, os próprios produtores transportavam suas mercadorias em carroças puxadas por bois ou carretas de cavalos trafegando por estrada de terra e sobre a única ponte que ligava o Continente à Ilha, até chegar no Mercado Público de Florianópolis.

Na mesma época a população e os comerciantes palhocenses reivindicavam um espaço maior para exercer a atividade comercial. Eis que em 1950, o conterrâneo prefeito e depois governador do Estado de Santa Catarina, Dr. Ivo Silveira, construiu o atual Mercado Público Municipal (figura abaixo).

Mercado Público Municipal de Palhoça- SC – 1950 Foto: José Bulin

Recentemente restaurado, preserva traços da cultura e arquitetura luso-brasileira de estilo açoriano, muito presente no século passado. A restauração tem importante significado para a memória do município, pois preserva e resgata as raízes culturais deixadas pelos antepassados. Os munícipes motivados, conscientizam-se da responsabilidade para manutenção da história, haja vista, que são poucos os exemplares arquitetônicos que permanecem intactos, pois a maioria dos casarios em estilo luso-brasileiro foram demolidos, dando lugar ao progresso.

 

Neusa Bernado Coelho

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