Antônio Fernandes do Rêgo: 'Moïse e a pesada barra'

Moïse e a pesada barra

Noticia o mundo inteiro:

‘A Velhacap está pasmada’

Um moço negro estrangeiro,

Cruelmente morto a paulada.

 

Em plena luz do dia

Uma força omissa, acredite;

E a infâmia tripudia

É a maldade sem limite.

 

Um massacre que dói na alma

De qualquer filho de Deus

Ver a mãe perder a calma

Sem poder dar um adeus.

 

Um adeus a filho amado,

Mãe que fugiu de sua terra

Pra protegê-lo, refugiado,

E com ele de dor se enterra.

 

Após o corpo estirado

Na escada, desfalecido,

Receio de ser ironizado

Com a frase: ‘adote um precito’.

 

Importa toda ou qualquer vida,

Haja tanta crueldade!

Raça humana embrutecida,

Banalizando a maldade.

 

Que notícia mais tristonha;

Não, não são seres normais,

Como humano tenho vergonha,

Peço desculpa aos animais.

 

Antônio Fernandes do Rêgo

aferego@yahoo.com.br