Grupo Folias estreia 7PISOS – uma peça para personagens ausentes – dia 18 de fevereiro
7PISOS, peça livremente inspirada no conto de Dino Buzatti, com dramaturgia de Paloma Franca Amorim e direção de Dagoberto Feliz, caracteriza-se como um retorno político ao fazer teatral presencial após longa temporada pandêmica
Como um trabalho que dialoga com tempos atravessados materialmente pela História e pelas poéticas públicas que têm sido manejadas a fim de produzir a democratização do fazer teatral, 7PISOS desvela o percurso de Giuseppe Corte, um escritor negro que acabou de se internar voluntariamente em um hospital cujo estranho protocolo de tratamento diz respeito ao funcionamento de sete andares que separam os pacientes mais graves dos mais saudáveis. Desse contexto surge um infindável conjunto de ações ambivalentes que oscilam entre a violência e a naturalização da violência contra os ditos corpos socialmente desviantes, fazendo deles plataformas vivas para o exercício do poder.
“Nosso corpo-ideia, Giuseppe Corte, é um escritor negro solitário, um ator negro, um negro ator (que poderia ser muitos mas é um só), nesse teatro paulistano onde as vozes negras ou não-brancas, migrantes, dissonantes, foram historicamente aplacadas por um senso de homogeneidade abstrata em que a brancura e o elitismo de seus agentes eram protegidos e quase invisibilizados pelo discurso falseado de que os palcos ocidentais são o seio da democracia”, diz Paloma Franca Amorim.
Giuseppe Corte é esse corte na lógica racista dos teatros paulistanos, e irmana-se a tantas outras personagens que atualmente povoam os terrenos sagrados da cena e das coletividades. São Joanas, Antígonas, Neusas Suelis, Vadinhos, Jasões, Hamlets, Medusas, Zambis, Ofélias, Aqualtunes, são alegorias, coralidades, gestos simbólicos ou metafísicos, personas, todas enegrecidas, todas imersas em sua negrura incandescente, e bonita, e tecnicamente excelente, e dialética, como estratégia de resistência formal aos apagamentos sistemáticos responsáveis pelo halo eurocêntrico que perversamente caracterizou uma parte importante da cena teatral da cidade de São Paulo.
Giuseppe Corte, paciente doente ou são, é reflexo de um incômodo institucional e humano propagado secularmente. Só é possível falar de sua sobrevida a partir do fim, da morte e portanto da trajetória invertida na qual a tragédia do colonialismo torna-se ponto de partida do processo doloroso e necessário para o aprofundamento de uma poética anti-racista.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Paloma Franca Amorim
Direção: Dagoberto Feliz
Elenco: Alex Rocha, Clarissa Moser, Lui Seixas, Marcella Vicentini e Marcellus Beghelle
Direção de Movimento: Mafalda Pequenino
Direção Musical e Composições: Marco França
Direção Técnica: Giovanna Kelly
Direção de Produção: Tetembua Dandara
Assistente de Produção e Consultoria de Sonorização: Jo Coutinho
Provocador Cênico: Rodrigo Scarpelli
Cenografia: Denise Guilherme e Giovanna Kelly
Cenotecnia: Lara Gutierrez
Contra Mestre: Deoclécio Alexandre
Aprendizes de Cenotecnia: Jenny Berté, Hélia Lopes, Mariana Ribertti e Trevor Philips
Desenho e Confecção de Figurinos: Denise Guilherme
Iluminação: Gabriele Souza e Diego França
Sonorização: Equipe Galpão do Folias
Estudos Teóricos: Eugênio Lima
Estudos Corporais: Adriana Aragão e Mafalda Pequenino
Arte Gráfica: Renan Marcondes
Fotos : Cacá Bernardes
Registro Audiovisual: Bruta Flor Filmes _ Cacá Bernardes e Bruna Lessa
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Limpeza: Fabiana Rodrigues
Aprendizes: Fernanda Rocha e Guto Carvalho
Acompanhamento de processo: Benedito Bandeira e Suzana Aragão
Articulação com as escolas: Osmar Guerra
Realização: Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo e Grupo Folias
Apoio: Cooperativa Paulista de Teatro
Serviço
de 18/02 até 04/04
sexta à segunda, 20h
Local: Galpão do Folias – Rua Ana Cintra, 213 – ao lado do metrô Santa Cecília
Ingressos: R$ 30 (Inteira), R$ 15 (Meia), R$ 10 (Sócio Morador)
Link: www.galpaodofolias.com