Antônio Fernandes do Rêgo: 'A estátua de Afrodite'

A estátua de Afrodite

De nosso encontro bem me lembro o dia

Que atravessavas o portal da frente,

Meigamente pulsavas de alegria.

Vinhas com os lábios de um rubor ardente

Daquele amor que ainda me contagia.

 

Pactuando com as rosas que se abriam,

Vestia-te o corpo um curto cor de rosa,

Cujas rendas ao sol se resplendiam,

E adentras ao jardim tão graciosa

Com aqueles olhos que me seduziam

 

Nas auras dos vergéis, tu, tão sapeca.

Tive-te em meus braços, doce Semíramis,

Nas vezes em que as horas não têm pressa;

Sorria a Afrodite, debaixo do arco-íris,

Foi lá que nós amamos, ó condessa!

 

Vão-se anos… volto, e não te vi na porta

Onde tu sempre a me esperar estavas,

Murchas as flores, se tombavam mortas,

E vi que a estátua do jardim chorava

Por ti, ex-amor que inda me conforta.

 

Antônio Fernandes do Rêgo

aferego@yahoo.com.br