Neusa Bernado Coelho: 'A resiliência da professora Hélia Alice dos Santos na Pró-CREP – Organização para a preservação ambiental'
A resiliência da professora Hélia Alice dos Santos na Pró-CREP – Organização para a preservação ambiental
A Pró-CREP desenvolve atividades socioambientais com o lema: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”. Diante da precariedade na coleta dos resíduos pelo poder público, o olhar iluminado da professora Hélia vislumbrou uma oportunidade de transformar o lixo em um novo cenário. Em 03 de novembro de 1992, realizou a primeira mobilização da comunidade escolar em mutirões de limpeza. Com ajuda de pais e alunos, os resíduos garimpados começaram a ser reciclados e vendidos, principalmente alumínio. Toda verba arrecadada reverteu em favor da melhoria pedagógica e estrutural da escola. O benefício refletiu em novos banheiros, cozinha, refeitório, quadra de esportes etc. No Natal, o trabalho foi de embelezamento do bairro transformando reciclados em árvores natalinas.
Com dedicação e criatividade, a professora Hélia promove o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, tendo seu trabalho de conscientização ambiental reconhecido. Em 1997, recebeu das mãos do então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Medalha e o “Prêmio Incentivo à Educação Fundamental”.
Em 2004, a Associação Pró-CREP é legalmente instituída; a coleta dos resíduos é transportada por meio de carrinho de mão, carrinho de papeleiro, multirões na comunidade…
Atualmente, a realidade da Pró-CREP é outra: recebe a coleta seletiva de aproximadamente quinze mil habitantes residentes no litoral de Palhoça, sendo que esse número triplica no verão. Pioneiro na região, o projeto da Pinheira é dotado de uma infraestrutura invejável, porém sem capacidade de atender todo o município que tem cerca de duzentos mil habitantes. Conta com pessoal para coleta e transporte de materiais recicláveis e óleo de uso doméstico e comercial.
O galpão da Pró-CREP está equipado com esteira para separar plástico, metal, alumínio e papel. Realiza o enfardamento dos materiais e dispõe de usina de biodiesel implantada por estudantes da UNISUL – Universidade do Sul de SC. O óleo reciclado produz sabão de ótima qualidade; uma parte do biodiesel é destinado para movimentar as embarcações de pesca dos nativos da praia da Pinheira e para os maquinários e veículos utilizados no projeto. Outros resíduos sólidos adquirem valor comercial no brechó ecológico de ‘Consumo Consciente’, na ‘Feira do Cacareco’; na ‘Oficina de Mosaico de Azulejos’ reaproveitando cerâmicas descartadas pela construção civil e na ‘Oficina de Costura’, reciclando os tecidos. São oportunidades de trabalhos criadas que proporcionam sustento para várias famílias, inclusive para haitianos que procuram um novo horizonte na comunidade turística. As peças de artes são vendidas aos turistas que se rendem às belezas naturais do lugar triplicando na temporada de férias de verão. O projeto é visitado, além dos turistas, por instituições escolares públicas e privadas, e acolhe todos os níveis da educação, do infantil ao superior, onde o foco é a educação socioambiental.
Inscrita no Conselho Municipal do Meio Ambiente e da Assistência Social, a Associação é um modelo a ser seguido. Contempla parcerias com universidades onde os alunos ocupam o espaço para laboratório de pesquisas acadêmicas e geram Trabalhos de Conclusão de Cursos em diversas áreas do conhecimento.
Arte produzida na Associação Pró-CREP
A professora Hélia, protagonista do projeto, atua voluntariamente na Associação, sob sua orientação 60 famílias tiram o próprio sustento. A Pró-CREP é uma das instituições parceira do Ministério Público, acolhe e ressocializa dependentes químicos em recuperação, ex-presidiários e apenados. Inclui socialmente imigrantes haitianos, mulheres desprovidas de oportunidades e população afrodescendente. O trabalho educativo desenvolvido na associação valoriza o ser humano, e por ser transformador, é referência na região. As escolas, os municípios vizinhos, os turistas, procuram o projeto para conhecer e aprender o destino final ambientalmente adequado dos resíduos.
Neusa Bernado Coelho