'A ordem reina', novo curta de Fernanda Pessoa, estreia no Festival é Tudo Verdade, com sessões presenciais em SP e RJ

Curta foi filmado em Super 8mm em sete países que passaram por experiências anticapitalistas no século XX

A ORDEM REINA, novo curta de diretora Fernanda Pessoa (“Histórias que nosso cinema (não) contava”, “Zona Árida”) fará sua estreia mundial na Competição de Curtas do Festival É Tudo Verdade, com sessões presenciais em São Paulo e no Rio de Janeiro no dia 03/04, domingo, e sessões online na plataforma do Itaú Cultural. A sessão em São Paulo contará com a presença da diretora.

Realizado com recursos do XI Concurso de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco, o filme é composto por imagens captadas em Super 8mm TRI-X (película preto e branco reversível) em sete países que passaram por experiências anticapitalistas ou revolucionárias no século passado: Burkina Faso, China, Cuba, Guiné-Bissau, Rússia, Sérvia e Vietnã. O texto “A Ordem Reina”, de Rosa Luxemburgo, na voz em off de Jules Elting, guia o filme, buscando uma reflexão sobre o momento político atual em que vivemos a partir de um texto escrito há mais de 100 anos.

Sinopse

A revolução está viva? Podemos imaginar alternativas para um mundo capitalista? O socialismo falhou? A Ordem Reina é uma viagem internacionalista (no tempo) por sete países que tiveram experiências revolucionárias no século 20, acompanhada por uma voz recitando o texto homônimo de Rosa Luxemburgo, escrito um dia antes de ser assassinada em 1919.

Ficha Técnica

A ORDEM REINA, 19’19”, 2022, PB.

DIREÇÃO, FOTOGRAFIA, MONTAGEM, PRODUÇÃO, SOM DIRETO:  Fernanda Pessoa

NARRAÇÃO EM OFF: Jules Elting

SOUND DESIGN E MIXAGEM: Rubens Valdes

FINALIZAÇÃO:  Rogério Moraes, Cinecolor

PRODUTORA: Pessoa Produções

Nota da diretora:

De 2015 a 2019, viajei sozinha por 7 países com minha câmera, um gravador de áudio e 15 rolos de Super 8mm. Isso significa entre 2 a 3 rolos por país, cerca de 6 a 9 minutos. A restrição faz parte do conceito: não ser uma turista regular registrando exaustivamente esses países, e decidir exatamente o que filmar nos minutos disponíveis, tentando deixar espaço para o acaso necessário.

O uso do Super 8mm é uma tentativa de contornar distâncias temporais e construir um arquivo alternativo. Assim, busquei acessar um momento histórico separado de mim pelo tempo e geograficamente. Eu era como um viajante no tempo-espaço, cujo instrumento de viagem era uma câmera da década de 1970. No que parecem ser arquivos, dou pistas sobre sua origem temporal, relacionando aquele passado não tão distante ao presente. Além disso, o filme representa mulheres – eu e Rosa – comentando esses regimes políticos, todos liderados por homens, nos fazendo questionar o que poderia ser um socialismo liderado pelo feminismo.

A montagem cria um jogo não óbvio entre texto e imagem. As imagens retornam (por exemplo, a Torre de Tatlin), cada vez em um enquadramento ou país diferente. A divisão do Bolshoi refere-se a Dziga Vertov, mas também à fundação da URSS no teatro em 1922. Foram incorporados “erros” que ocorrem ao trabalhar com Super 8mm (como edição estroboscópica pelo emperrar da película na câmera) e sobras sutis em algumas tomadas, destacando um aspecto mais amador do formato e apontando para uma possível característica de foundfootage.

Sobre a diretora:

Fernanda Pessoa é uma cineasta e artista visual brasileira, que trabalha principalmente com documentário, cinema experimental e videoinstalações. Doutoranda na ECA/USP com pesquisa sobre o cinema experimental feito por mulheres na América Latina, mestre em Audiovisual na Sorbonne Nouvelle, sob orientação de Philippe Dubois.  Em 2017, lançou seu primeiro longa-metragem documental “Histórias que nosso cinema (não) contava” exibido e premiado em diversos festivais internacionais. Seu segundo longa documental “Zona Árida” recebeu Menção Honrosa no Dok Leipzig. Participou da Berlinale Talents 2019. Seus trabalhos passaram em festivais como IDFA, RIDM, DOC NYC, DocLisboa, Festival du Nouveau Cinéma, Cinélatino Toulouse, Mostra de Tiradentes, Festival de Brasília, e em instituições como BIENALSUR, REDCAT/CalArts, IMS – Instituto Moreira Salles, MIS-SP, entre outros.  Site: www.pessoafernanda.com