Claudia Lundgren: 'Minha querida solidão'

Claudia Lundgren

Minha querida solidão

A solidão cisma comigo;

o café minha companhia

nos dias de intenso frio.

 

Vivo a sonhar contigo;

a tua lembrança, alimento;

por ti, morro; por ti, vivo.

 

Aquele retrato antigo

no criado-mudo, me fita.

Timidamente, o olhar desvio.

 

Minha face enrubesce,

e ainda que seja quimera,

minh’alma estremece.

 

Turvou-se o líquido, perdeu-se o viço;

o café esfriou, bebi desgosto,

mas nele ainda vi o teu rosto.

 

Não encontrei em outras lábios

beijos mornos como os teus;

desisti de procurá-los.

 

Nutro-me dos teus resquícios.

A solidão cisma comigo,

ou sou eu quem a persigo?

 

Claudia Lundgren

tiaclaudia05@hotmail.com