Clayton Alexandre Zocarato: 'O Rock and Roll ainda pulsa'

Clayton Alexandre Zocarato

O Rock and Roll ainda pulsa

Depois do período crítico da pandemia de covid19, o Brasil voltou a figurar na rota dos grandes shows internacionais, trazendo artistas do calibre como Kiss, Metallica, e vai contar ainda Iron Maiden, Offspring, Halloween, e Guns N Roses.

O que se explica para essa efervescência do rock está diretamente a um aporte psicológico, esgarçando um engrandecimento das estruturas mentais e econômicas tupiniquins para abrigar grandes eventos internacionais, como uma forma de fuga da realidade.

De certa maneira, também está encabeçado um conjunto de ações nacionalistas (mas também capitalistas), que servem para aumentar o moral de um povo, que viu os últimos 2 anos de sua história serem dilacerados por um conflito ideológico partidário, que não continha um rol de ações humanísticas integradoras claras que pudessem unir ‘gregos e troianos’.

Os mega shows são uma forma de  tentar recuperar a autoestima brasileira, em que assim as classes sociais menos abastadas podem se constituir como sujeitos proativos psicanaliticamente, e que por alguns momentos possam estare em um espaço socioambiental de ser apreciado pelas  grandes celebridades artísticas.

Historicamente nos anos de 1980, entramos de fato  na rota dos grandes shows, sendo um rentável e prolixo acumulativo de dividendos que, através dos Festivais, como  Rock n Rio, e depois Monsters Of Rock, lançou luz, há um sentimento de contracultura da musicalidade como símbolo de questionamento filosófico e político, como sendo um estereótipo de engrandecimento do ‘homem cordial brasileiro’.

O Rock tem por sua trajetória epistemológica aparecer com muita força em momentos onde crises em torno da estabilidade e equilíbrio do homo sapiens em seu cunho biopsicossocial, tem que reinventar fugas existenciais do seu cotidiano, em busca de uma  homoestase comportamental que o  faça suportar o peso da sua existência.

Entre seus vários ritmos, (o Rock), está a exaltação de um amor mórbido, platônico, que fazem os mais sensíveis fugirem por alguns minutos durante a execução de  suas notas, do senso comum corporal patético e egoísta.

Como  também seu som progressivo, atravessa fronteiras para uma argumentação, onde o psicodelismo é uma camada de chamar atenção para os principais dilemas sociomorais que afetam a estabilidade de uma  mente sadia contemporaneidade.

Aliás, o Rock And Roll soa como uma eterna provocação ao sentido de equilíbrio entre realeza e plebe, pois ultrapassa em seus limites gramaticais, sendo uma forma de reacender a criatividade, diante momentos onde o seu  tecnicismo de ideias provocativas, ficou comiserado somente a letras de protesto, sem conter um sentido metafísico claro, que fazem  uma alopatia intelectual de denunciar, mas sendo necessário sensibilizar e amar.

E nesse momento, onde a nação brasilianaenfrenta a efervescência de suas eleições federais e estaduais, o Rock ressurge, ressignificando um sentido de novas tendências quanto à disseminação da arte não unicamente como algo voltado para espaços mercadológicos, mas sim, que faça do ser’ um cânone intelectual, em interagir e  reativar sentimentos de se  interrogar,  perante um sublime adágio ideológico, em se considerar que tudo pode ser classificado como sendo  normal’.

Não! Definitivamente não! Nem tudo pode ser classificado como  normal.

O Rock necessita da (“estupidez humana”, parafraseando com Renato Russo), para a elaboração de conjecturas ativistas,  de uma rebeldia sacrossanta, contando com uma pitada do demoníaco, elevando padrões de criticidade para se combater uma pestilência interpretativa em se fazer e escutar música unicamente como trâmite, que venha a minar um jugo de inteligência, que faça da consciência do outro’ um cancro existencial, em ser um depósito de escatologias hedonistas baratas, que somente visam a repetição de ritmos  e não o fortalecimento da razão lúcida.

A razão sonora do Rock, extenua uma valorização da arte como forma de uma ontologia, que venha a disseminar  cunhos educacionais, que possa tanto, balançar as cadeiras”,  e desenferrujar todas as estruturas ósseas sedentárias, como também proceder a uma aceleração do fluxo de oxigênio no cérebro, que venha a indagar, as questões mais polêmicas do momento social vivente, em como entender até que ponto o dito homem da pós-modernidadese tornou volátil, e despudorado quanto a garantir o respeito pelas suas mais repletas diferenças espirituais e geográficas.

Essas diferenças que estão sendo sanadas aos poucos, com grandes shows saindo dos principais centros urbanos, e passando para outros polos, de grande concentração e circulação de capitais como Ribeirão Preto, que recebeu o show do Kiss, irá receber Guns N Roses e Halloween.

Isso mostra um ajustamento, quanto a uma logística empresarial e cultural, em integrar diferentes flancos regionais em torno de grandes eventos, o que permite uma integração maior de parâmetros multiculturais, que venham enriquecer de maneira antropológica – cultural, realizando  uma assimilação dialética propedêutica, de como um evento internacional, pode nacionalizar sentimentos opinativos antagônicos em torno de um único objetivo de pular ao som de boa e bela canção de Rock N Roll, mas exaltando o orgulho de pertencer por alguns momentos a diversas tribos que não estão no seu cotidiano.

Como diria o crítico Paul Friedlander, “o Rock, tem em  sua gênese ideológica,  automaticamente detém uma energia proativa, em despertar o sentimento de contestação contra as desigualdades”, mas dentro de uma sinfonia de distorções sonoras, que refletem para um mundo real, que ficou ocupado de mais, em esconder suas maleficidades, passando para uma interrogação, em revalorizar uma emoção coletiva, a lapidar agentes psicológicos que não se preocupem somente em ficarem chapados’, mas sim que reavivem a loucura em desafiar nichos de doutrinação político – partidária fanáticas, que somente visão afagar os egos de seus adeptos mais esdrúxulos, bem como a seduzir mentes inocentes, que ainda estão descobrindo os valores de uma subjetividade ética e banhada por, uma boa e velha canção de Roll”.

 

Clayton Alexandre Zocarato

claytonalexandrezocarato@yahoo.com.br