Francisco Evandro de Oliveira: 'Reflexões sobre a violência'

Reflexões sobre a violência

Estou cansado, a bem da verdade, muito cansado de ouvir falar e ver violência no nosso cotidiano; cada político, cada componente da justiça, tem a brilhante solução. Contudo, a violência cresce assustadoramente, desvairada e descabida continuamente. É um grande cancro em nossa sociedade, e, nem toda gama de cobalto usado nos tratamentos quimioterápicos, por si só, não são   garantias da cura  para este mal social nos nossos dias, conhecido como violência. Todos imaginam mágicas soluções para arrefecê-la, contê-la e acabá-la. Os políticos e os componentes da justiça só vislumbram os efeitos; estão cegos para as causas. Em nenhum momento apresentam uma solução viável para as causas principais, que são os males do século: a fome, apartheid social, a miséria reinante, e o desemprego em massa. Tais fatores estimulam uma péssima educação; criam um universo de descamisados, os qual crescem em grandes proporções a cada dia. Países seculares estão com suas economias falindo. Os grandes políticos não enxergam o evidente que salta aos olhos! A globalização desvairada, visando disfarçadamente os interesses dos países mais ricos e o excesso de tecnologia, estão dizimando as economias de países ditos do 3º mundo e suas populações em si. Cresce indiscriminadamente o universo de traficantes, aumenta na mesma proporção a repreensão e o aparato policial, que, por si só, além dos motivos óbvios conhecidos por todos, não são garantia de combate ao crime; tanto o poder constituído, quando o dito poder paralelo, aumentam consideravelmente seus potenciais bélicos e as mortes se fazem presentes e são diariamente estampadas nos noticiários locais e nacionais.

Como consequência imediata vem a superlotação carcerária nas delegacias, carceragens e presídios, que, devido às suas precaríssimas condições, tornam-se verdadeiros depósitos humanos e porque não dizer também, especializam-se no curso superior em violência. Rebeliões explodem! Se torna o armagedon! Um inferno total! Uma torre de babel dos tempos modernos! Enquanto isso, negociatas entre políticos, banda podre da polícia, da justiça e extermínios diários de jovens e adolescentes se fazem presentes. 

Os nossos políticos permanecem dormindo no ‘berço esplêndido do País’; quando acordarem desse torpor, o país, embora com jovialidade, será uma nação predominante de crianças, mulheres e velhos. 

Os jovens do sexo masculinos foram, em sua maioria, ceifados e dizimados pelo confronto entre traficantes e policiais e entre facções divergentes de seus interesses nefastos à sociedade. Onde estarão seus corpos? Poderemos encontrá-los nos diversos cemitérios clandestinos dos grupos de extermínios, das polícias, das milícias, dos traficantes e nos cemitérios oficiais. Esperamos que os governantes acordem,  para que possamos legar um mundo melhor as nossas futuras gerações; e esse mundo passa necessariamente pela Educação, pois como já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. 

 

Francisco Evandro de Oliveira

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