Clayton Alexandre Zocarato: 'Será que precisamos de uma Glasnost tupiniquim?
Será que precisamos de uma Glasnost Tupiniquim?
A Lei de 100 Anos de Sigilo de Documentos e Informações de Estado posto em prática pelo Governo Bolsonaro veio a salientar como a informação lúdica ainda pesa e ameaça interesses políticos – partidários egocêntricos, trazendo à memória os Atos Institucionais da Ditadura Militar, como também pairando um sentido de coerção para uma Imprensa Livre dos tentáculos de um Estado Controlador.
O Leviatã Tupiniquim mostrou sua força perante uma argumentação fajuta “de que para o equilíbrio de nossa pseudo – normalidade constituinte” é necessária uma redução dos nichos de acesso a dados e jurisdições governamentais que, segundo a paranóica autoritária e patriarcal do clã familiar presidencial, mistura interesses da nação junto com suas presepadas políticas, realizando sacrilégios moais perigosos em não fundamentar e respeitar os princípios republicanos de liberdade da expressão, exercendo a divulgação e esclarecimentos de suas ações para toda sociedade civil.
Mikhail Gorbatchov, nos anos de 1980, com sua Glasnost (abertura política), promoveu uma reestruturação de disseminação libertária para uma nova posição de Socialismo Democrático na antiga União Soviética, separando atributos destinados aos espaços do executivo que não mais se destinaria ao controle e fiscalização do jornalismo e da formação de opinião crítica, mesmo contando com toda a estrutura de intimidação e massificação herdada de seus antecessores (contendo a sombra da KGB), que possibilitou a aproximação com o Ocidente e a diminuir as tensões com os Estados Unidos durante o bipolarismo geopolítico da Guerra Fria.
Já Bolsonaro se afastou da Casa Branca com a eleição de Biden, criou atritos com a União Européia e China, se aproximou de Israel, contando com uma aparelhagem ideológica estatal hermética, com o poderio exacerbado do Likud, e do seu poder bélico, e do Mossad, ansiando em colocar o Brasil dentro de um regime de Estado – Forte, mas que se perde por entre equívocos e mais equívocos cometidos tanto por sua equipe de governo, como por sua intransigência histriônica, em promover discursos de ataque e agressão moral contra aqueles que ousam ir contra suas premissas ideológicas.
A Lei do 100 Anos De Sigilo, além de ferir dos princípios elementares da Constituição de 1988 no campo da cidadania e da ética de respeito pelas pessoas, também lançou o Brasil para um parasitismo diplomático, perdendo espaço de influência perante o campo das relações internacionais, o que vem acarretar a carência de investimentos no pais, acelerando a desigualdade social, como deixando nossa economia estática.
Se, caso Bolsonaro consiga reverter a diferença de votos para Lula até as eleições de outubro, seu “feudalismo estadista” será mantido; caso contrário, o seu sucessor terá como um de seus desafios reaver a importância da disseminação da informação livre, bem como a promover uma reabertura de conhecimento intelectual e político dentro das entranhas do Planalto, para que nossa Democracia, de fato, seja um batistério de igualdade e oportunidade para todos, sem exceção.