Patrícia Alvarenga: 'A miséria nossa de cada dia'

Patrícia Alvarenga

A miséria nossa de cada dia

Voltava da academia e, como estava perto da hora do almoço, passei no açougue para comprar algo para a refeição. Saí do estabelecimento com um quilo de carne de primeira, já pensando no tempero dos bifes, quando um miserável, no chão, muito fraco e imundo, me pediu comida. Mais um, de tantos…. Na hora pensei em comprar um ‘prato-feito’ no botequim próximo, que já servia refeições àquela hora. Todavia, em um segundo momento, pensei que não deixariam aquela pobre pessoa sentar-se à mesma, haja vista seu lamentável estado. Então, cogitei comprar uma quentinha e deixar com o homem, mas fiquei com medo de que trocasse por drogas, já que era o típico dependente de ‘crack’, que a sociedade chama de ‘cracudo’. E assim, naquele momento, desisti de meu intento de ajudar aquela pessoa.  Não sei se foi a melhor decisão, mas foi a que tomei nos poucos segundos entre ouvir o pedido e passar pelo faminto.

Entretanto, hoje sairei de novo.  Lamentavelmente, ouvirei mais pedidos de famintos. Como todos os dias. Todas as horas. Terei, então,  novas oportunidades de ajudar o próximo.

Esse é o trágico quadro que vejo diuturnamente. Às vezes, ajo para matar a fome de um ser humano, por algumas horas; noutras vezes, infelizmente, não o faço… É muito difícil! Gostaria que ninguém passasse por esse dilema, mas, acima de tudo, gostaria que NINGUÉM PASSASSE FOME!

 

Patrícia Alvarenga

patydany@hotmail.com