No Quadro de Colunistas do ROL, a juventude e o multitalento de Rafael Venancio!
Rafael é escritor, dramaturgo, contador de histórias, psicanalista, astrólogo, psicoterapeuta holístico e professor. E, também, um ‘Louco do tarô’!
Rafael Duarte Oliveira Venancio, natural de São Paulo (SP) e residente em Barra Velha (SC), é escritor, dramaturgo, contador de histórias, psicanalista, astrólogo, psicoterapeuta holístico e professor.
É coidealizador do Caminhada Estelar – Espaço de Autoconhecimento e Expansão da Consciência sediado em Barra Velha/SC.
Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo onde também se formou Mestre em Ciências da Comunicação e Bacharel em Comunicação Social, além de possuir licenciatura em História pela FIAR-CESUAR.
Cumpriu, entre 2019 e 2020, o estágio de pós-doutorado em Ficção e Dramaturgia Radiofônica na própria USP. Suas peças de teatro e de radioteatro foram encenadas em três línguas em sete países. Entre 2020 e 2021, apresentou ‘Seleção Paulista dos Craques de Outrora’ (radioteatro/contação de histórias) e ‘O ouvido psicanalítico’ (radiodocumentário) na Rádio USP FM.
Venceu, em 2022, o prêmio de melhor conto em concurso da Academia Itapemense de Letras (Itapema/SC) com o conto ‘A Cartomante de 1922’ (https://drive.google.com/file/d/1hLlMJ7t0U3QHYKneen8kqMkbTzFfInpL/view -pp. 20-26).
É este multinavegante da mente, dos astros e das artes que o Jornal ROL tem o prazer de apresentar a seus leitores!
Abaixo, a sua primeira contribuição como colunista, com o conto ‘O louco do tarô’
O LOUCO DO TARÔ
“É o louco do tarô”. Essa é uma das expressões que mais ouço atualmente. E não necessariamente estão falando de mim. Claro que um “Olha lá, é o louco do tarô” pode ser uma frase que um ou outro pode se dirigir a mim. Afinal de contas, escrevo sobre tarô, dou aula de tarô, tenho peça de teatro sobre tarô. Até mesmo o meu avatar na rede social tem uma foto de tarô!
Mas não é só isso. Não mesmo.
Quem sabe um pouco sobre tarô, sabe a importância do louco. Não do “louco” que faz a tiragem de tarô, mas sim do “Louco”, uma das cartas do baralho.
O Louco é um dos Arcanos Maiores na maioria dos baralhos de tarô. Ser um Arcano Maior significa que ele não é uma carta qualquer, equivalente às cartas de naipe que jogamos truco, buraco, canastra, pôquer etc. Aliás, essas cartas também são utilizadas no tarô, mas não vou comentar delas hoje.
Arcanos Maiores são cartas de significado próprio. Todas são numeradas e dão uma sensação de avanço e continuidade. Para o tarô, são equivalentes às mansões da Cabala ou as estações da Via Sacra ou até mesmo às paradas de um ponto de ônibus. É a rota de um caminho.
Caminho de quem? Para muitos, o tarô é a caminhada do Louco, considerado o Arcano Maior de número zero. Sim, o Louco não tem um número romano para chamar de seu. Ele é o Zero. Para muitos, o começo da caminhada. Para outros, o fim. Para alguns chatos, é apenas o coringa do baralho normal que ficou no meio do caminho entre os Arcanos Maiores e as cartas de naipe (chamadas no mundo do tarô de Arcanos Menores).
É uma carta polêmica em seu significado.
No Tarot de Marselha, há um cachorro mordendo o Louco. Ele estaria impedindo a caminhada dele.
No Tarot de Waite, por sua vez, o cachorro parece estar empurrando o Louco. Ele estaria incentivando a caminhada dele.
No Tarot de Thoth, do mal-afamado Aleister Crowley (conhecido pelas músicas de Paulo Coelho e Raul Seixas aqui no Brasil), o cachorro vira um tigre que morde o Louco ao mesmo tempo que parece que está jogando-o para fora da carta, quebrando a quarta parede.
Em qual desses Loucos devemos nos conectar? Algum? Nenhum? Para um psicanalista (algo que também – ênfase no “também” – sou), o tarô seria apenas uma fantasia a ser combatida ou uma fantasia que ajuda a explorar o inconsciente do humano? Freud ou Lacan? Ou seria Jung? Reich? Talvez todos se você esteja disposto a usar a psicanálise como arqueologia, talvez nenhum se a psicanálise para você precise ter uma função validadora no mundo alopático e tecnocrático atual.
O que eu sei é que, lembrando do psicanalista Félix Guattari, o Louco talvez seja um ponto de partida dessa matriz de controle que vivemos. Essa psicanálise do grande coautor de Deleuze, chamada Esquizoanálise, pode ser um escape do Capitalismo, mas também de qualquer amarra que nos impede de ver a nossa verdade interior, bem como de vibrá-la.
Talvez todos nós somos Loucos no nosso próprio baralho de tarô. O que precisamos, algumas vezes, é apenas embaralhar as cartas e tentar refletir sobre o nosso interior e para onde devemos caminhar. Alguns fazem isso literalmente, com 78 cartas nas mãos, outros ainda preferem ficar dentro da caixinha…
A minha escolha eu sei… Afinal, eu sou um “louco do tarô”. E você? Sabe a sua?
Rafael Venancio
Instagram: @rafaeldovenancio
E-meio: rdovenancio@gmail.com