Patrícia Alvarenga: 'A essência da vida'
A essência da vida
As árvores guardam em si, há milhares de anos, uma simbologia muito rica e complexa. Funcionam como simples ponto de referência ou como inspiração dos mais belos poemas. Remetem às mais vigorosas memórias ou elevam a espiritualidade, conforme o imaginário coletivo.
Cada pessoa dá às árvores um significado diverso, numa interpretação pessoal. Símbolo sagrado em diversas culturas, onde são reverenciadas e adoradas, representando a ‘criação, fecundidade e imortalidade’, em outras, são menosprezadas e vistas apenas por seu valor comercial. Décadas e décadas de vidas, que tantas outras já geraram e alimentaram, são ceifadas em prol do vil dinheiro.
Fincadas profundamente na terra que as nutre, suas folhas e galhos se movimentam ao sabor dos ventos, como nossos pensamentos. Vivem intensamente as quatro estações do ano e por elas são afetadas e modificadas. Se suas raízes são fortes, resistem às mais cruéis tempestades. Como nós, humanos… Flores, frutos… É o espelho de nosso ciclo de vida.
Parecem as árvores sempre buscar o Céu, numa ânsia de irem ao encontro da luz solar, de que tanto precisam, ao mesmo tempo em que crescem em direção ao fundo da terra, para se tornarem cada vez mais resilientes. Mas não só: crescem para fora, para dentro, por todos os lados, numa constante e lenta evolução.
A história da árvore fica marcada em seu tronco, como a história de uma pessoa, em sua pele. São como cicatrizes, rugas, varizes, enfim, as inevitáveis marcas que adquirimos com o passar do tempo.
São nosso abrigo do Sol inclemente e da chuva torrencial, ou nosso pouso nas horas de fadiga. Acolhem-nos de braços abertos, como uma generosa mãe, que nos alimenta, nos protege e nos resguarda.
Aos que têm olhos de sonhar, as árvores sempre terão seu lugar poético na paisagem da natureza, crescendo junto com aqueles capazes de perceber sua inteireza e amplitude.
Patrícia Alvarenga
patydany@hotmail.com