Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'O docente na educação absoluta da pessoa humana'

Diamantino Lourenço R. de Bártolo

O docente na educação absoluta da pessoa humana

O valor educação/formação: é indissociável daquela qualidade de vida a que todo o cidadão tem o direito de aceder; e todo o responsável político tem o dever indeclinável de promover globalmente, sem discriminações, sem elitismos, sem influências, obviamente, a partir da educação, porque: «A qualidade de vida está directamente relacionada às condições em que essa vida se desenvolve: medicina, psicologia, teologia, filosofia, engenharia, agricultura indústrias, desenvolvem actualmente um esforço ingente para atender ao clamor geral por melhores condições de vida.» (FINKLER, 1994:8, in: PASCOAL, 2004:38).

Nenhum povo, nenhum país, nenhuma cultura, nenhuma civilização, poderão desenvolver-se e enobrecer-se, respetivamente, sem este outro notável paradigma, tantas vezes e por tantos responsáveis esquecido ou, no mínimo, desvalorizado ao longo dos tempos: Educação/Formação para a convivencialidade societária: no respeito, na tolerância, na solidariedade e cooperação entre pessoas, povos e nações, porque: «Educação é formação de todos, em todas as oportunidades e espaços do quotidiano, ao longo da vida. (…) a educação torna-se efectivamente permanente: educação para uma vida cultural e socialmente multi-ativa em qualquer fase do percurso da vida dos indivíduos.» (PINTO, 2004:151).

Podem-se construir, implementar e estabilizar: os paradigmas da objetividade, da quantificação, da reversibilidade, da previsibilidade, da universalização das leis científicas, enfim, com todas as características das denominadas Ciências Exatas, porém, o Mundo não terá paz enquanto os paradigmas das Ciências Sociais e Humanas, nomeadamente e entre outras:  Filosofia, Religião, Direito, História, Sociologia, Economia, Antropologia, Política, Etnologia, Psicologia, Geografia Humana, e das transcendências (sem dogmas, nem fundamentalismos), não forem assertiva e publicamente reconhecidos e integrantes da humanidade.

Com polémicas, ou sem elas, goste-se ou não, afirme-se ou negue-se, o homem não terá, apenas, uma composição física, mensurável, determinada, concreta e objetiva, nem só sentidos, porque para além destas características e faculdades, respetivamente, outras imateriais existem: «Pensamentos e raciocínios são sentidos, porém mais sofisticados que os da visão, audição, olfacto, tacto, gosto, uma vez que são os atributos e determinantes maiores e essenciais da própria vida humana.» (COLETA, 2005:14).

E que professores são necessários, em termos da sua preparação, praxis, ética e deontologia profissionais, se lhes deve exigir? Pode-se parar por aqui, porque de contrário os problemas avolumam-se e agravam-se, ao ponto de ter que se rejeitar toda e qualquer abordagem. E se o mundo material, natural e/ou artificialmente construído pelo homem, já é complexo, pese embora a mentalidade positivista ter pretensões de os resolver, outro tanto, seguramente, não se verifica com o mundo sobrenatural.

Estes dois mundos existem: o material e o imaterial; o físico e o espiritual; o fenoménico e o numénico, o que se quantifica e o que se qualifica; o que se objetiva e o que se subjetiva. Aceitando, sem preconceitos, sem superioridades, estas duas realidades, focalize-se a reflexão no mundo dos ideais, dos valores, da superior condição humana, assente na trilogia: Dignidade – Dever – Divindade.

A dimensão educacional do homem implica, afinal: uma atitude facilitadora e recetiva para novas técnicas educativas; novas pedagogias/andragogias; novas didáticas; novas metodologias, enfim, novos objetivos. A predisposição e abertura ao ainda não científico, e ao não cognitivo, são um contributo importante para novas estratégias, novos compromissos.

Uma nova “pedagogia não cognitiva”, poderá constituir uma alternativa credível, para a construção de uma sociedade mais humanista, mais afetiva e, nesta fase da evolução do conhecimento técnico-científico, que continua impotente para resolver determinados problemas do foro mais íntimo, e dos valores mais ambicionados pelo homem, por que não dar uma oportunidade a outras leituras alternativas? Pode (e/ou deve) o professor enveredar por tais alternativas, conciliando-as com as já existentes?

Bibliografia. 

COLETA, António Carlos Dela, (2005). Primeira Cartilha de Neurofisiologia Cerebral e Endócrina, Especialmente para Professores e Pais de Alunos de Escolas do Ensino Fundamental e Médio, Rio Claro, SP – Brasil: Graff Set, Gráfica e Editora

PASCOAL, Miriam, (2004). Qualidade de Vida e Educação, in: Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas SP: PUC, Pontifícia Universidade Católica, N. 17, págs. 37-45

PINTO, Fernando Cabral, (2004). Cidadania Sistema Educativo e Cidade Educadora. Lisboa: Piaget.  

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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