Jairo Valio: 'Dia da Árvore

Jairo Valio

Dia da Árvore

Sou lembrada neste dia como se fosse aniversariante.
Com mimos sou agraciada e louvam minha beleza,
E como se fosse uma princesa regam meu caule,
Pois a seca impiedosa deixou marcas em meu cerne.

Lembram que acolho em meus galhos pássaros cantantes,
Que numa sintonia de gorjeios a natureza desperta,
Ouvindo os cantos dos passarinhos tão encantadores,
E quando o Uirapuru solta seus trinados todos se emudecem,
Pois é o mais lindo canto de todos os passarinhos.

Lembram até que nas minhas sombras todos procuram abrigos,
Do Sol escaldante que a pele fere deixando marcas,
E o viajante cansado de suas andanças,
Recupera suas energias da longa jornada que percorreu.

Na Primavera flores coloridas brotam aqui e ali,
Dando encantos nas folhas verdes que ganham viço,
E todos esses atrativos ofereço até aos enamorados,
Que contemplativos admiram os encantos despertados no meu porte majestoso,
E a natureza na Primavera pincela de cores todas minhas sutilezas,
Que procuro brindar quem realmente me contempla.

No entanto, vejo que o homem perverso,
Sorrateiramente procurou me agredir,
Com serras afiadas que aos poucos ferem todos meus instintos,
E o meu tronco vigoroso e cheio de raízes que me sustentam,
Um dia sucumbiu às maldades perversas,
E me transformei num amontoado de folhas mortas,
Pois aquela árvore que um dia majestosa fui,
Tombou inerte e sem vida e lágrimas soltei,
Para nunca mais encantar os que em mim tiveram vidas

Jairo Valio