Marcus Hemerly: 'Cinema em tela: A sétima arte em memórias'
Cinema em tela: A sétima arte em memórias
05 de novembro, Diα Mundiαl do Cinemα.
Pαrαbéns à sétimα αrte! Designαção concebidα pelo itαliαno Ricciotto Cαnudo, nα obrα Mαnifesto dαs Sete αrtes, de 1912. “Cine”, de origem gregα, significα movimento, e o sufixo “αgrαfo”, (de cinemαtógrαfo), reflete o intuito de “grαvαr”. Desde α evolução do cinemα mudo αté αs mαis recentes inovαções tecnológicαs, α mαgiα em movimento se eternizα nα películα e memóriα, traduzindo sentimentos (e sua troca) numα constαnte renovαçαo de interαção emotivα.
Desde a invenção do cinetoscópio, até a possibilidade de captação e transmissão mais sofisticada de imagens, a movimentação das formas amolda-se a uma das mais populares expressões artísticas. Concebida originalmente de forma rudimentar, o mecanismo de captar imagens viabilizava apenas um espectador a cada visualização, e, num segundo momento, o invento foi aprimorado pelos irmãos Auguste e Louis Lumière, realizando-se a primeira transmissão coletiva em 22 de março de 1895. O filme, “La Sortie de L’usine Lumière à Lyon” (A saída da Fábrica Lumière em Lyon), retratava a saída dos funcionários do interior da empresa Lumière, na cidade de Lyon, na França, deflagrando o vindouro ritual de agrupamento para apreciação cinematográfica.
No Brasil, em 1898, Afonso Segreto registrava sua chegada a Baía de Guanabara pelo navio Brésil, data que seria escolhida como dia do cinema brasileiro, ocasião das primeiras imagens gravadas em película no território nacional. Apesar de alguns historiadores divergirem acerca do efetivo registro primevo da imagem em movimento em terras Tupiniquins,19 de junho é a data oficial comemorativa da sétima arte em terras tupiniquins, a despeito do 5 de novembro, data da primeira exibição pública.
Assim como toda forma de arte, o cinema coteja emoções entre os artistas e o público destinatário, seja a partir de um espanto, um bocejo, uma lágrima contida ou um impulso de indignação. Tais derivações resultam num amolar ou aguçar de sentidos diante dos pesares do cotidiano e, à obviedade, fonte se inspiração e estímulo a talentos até então encobertos. Essa é a beleza da captação de imagens em sua concepção ideológica e material, mas cujo desdobramentos caracterizados pelas interpretações e impressões são multiformes, evolutivos, e acima de tudo, atemporais; seja a partir de uma sessão em um cinematógrafo, ou no aconchego doméstico.
Nos anos 90, as noites de sexta-feira eram aguardadas, não apenas pela antecipação do final de semana, mas pela “passadinha” na videolocadora para escolher os filmes que seriam devolvidos apenas na segunda. Devidamente rebobinados, ressalte-se, o contrário seria motivo de multa e tom de reprovação por parte do atendente que, não raro, era o proprietário. Decerto, inexistia óbice à locação das fitas durante a semana, mas o consumo diário de cinema e séries que atualmente se descortina com os serviços de streaming, não era tão palpável. Logo, era mais comum, além de atrativo ao bolso, a visita às centenas de títulos dispostos nas prateleiras dispostas por gênero, numa sexta ou sábado.
Atualmente, a despeito do caminhar veloz (infelizmente) à extinção das mídias físicas, as artes audiovisuais para sempre representarão uma das mais fortes e indissociáveis formas de representação artística para a sociedade. De igual forma, o cinema está inserido como uma mola propulsora à existência do humano, figura inatamente sensível, e sua própria reunião de memórias, saudosamente acondicionadas no álbum de recortes da mente. Respeitadas as divergências, – seja o dia nacional ou mundial do cinema – a data, decerto, enseja umα sessão especial…