Adriana Rocha: 'Sob nova direção'

Adriana Rocha

Sob nova direção

No primeiro texto do ano trouxemos provocações e reflexões sobre o conflito e a forma como o enfrentamos, indicando a mediação como uma forma diferenciada para resolvê-lo. Agora, ampliamos nossa visão, rompendo com crenças limitantes e olhando para o futuro em busca de soluções adequadas às experiências conflitivas, porém, para que isso seja possível e viável, é fundamental ampliar nossos conceitos, sentindo e olhando, literalmente, os conflitos, com outros olhos.

Somos seres sensíveis, principalmente, às nossas dores e, diante do que entendemos ser uma agressão ao que queremos ou acreditamos, a reação, em regra, é agressiva e, a agressão gera um bloqueio da criatividade, obrigando-nos a ficar na defensiva ou partir para o ataque; raramente enxergamos o diálogo como opção.

Por que acontece tal reação? Porque a percepção do conflito é totalmente destrutiva, assim, a ação e/ou a reação vêm carregadas de emoções negativas: respiração ofegante, taquicardia, tensão muscular e transpiração.

Há bloqueio da escuta efetiva: cada um escuta, somente, o que quer e o silêncio é apenas para contra-atacar, ou seja, não se está, verdadeiramente, ouvindo. A fala fica dispersiva, e mesmo quando há foco, o assunto é repetitivo, desprovido de possibilidades de interação.

Todo o comportamento é permeado pela hostilidade, em gestos e palavras, culminando em descuido verbal (ofensas) e acessos de raiva, gerando uma espiral de sensações negativas, descontroladas. Resultado? Relacionamentos pessoais e profissionais rompidos, frustrações e um    saldo social negativo: agressividade e violência permeando os contatos e impossibilitando a convivência harmoniosa.

Não se trata de negar o conflito, que é inerente ao ser humano, objetiva e subjetivamente, mas de buscar formas para administrá-lo ou superá-lo, valorizando o diálogo e a reciprocidade num exercício permanente de convivência saudável e pacífica, em que a colaboração e a cooperação prevaleçam.

Inegável que é um desafio hercúleo, principalmente, porque crescemos ouvindo e defendendo posicionamentos radicais, acreditando em máximas como “dou um boi para não entrar numa briga e uma boiada para não sair”, confirmando o quanto a ideia-ação-reação de ampliar a situação conflituosa é corriqueira e justifica posicionamentos agressivos e violentos, até mesmo desproporcionais.

Nosso objetivo, ao tratar do tema, em dosagens pequenas, mas de forma contínua, é oferecer reflexões permanentes, criando um repertório que permita mudanças, ainda que sutis e pontuais, na maneira como você percebe, sente, vê e reage diante do conflito. Aceita? Vamos em frente!

Adriana Rocha

adriana@lexmediare.com.br