Diamantino Loureiro de Bártolo: 'Superar a crise com fé na evolução'
Superar a crise com fé na evolução
Quando, cuidadosamente, estudamos a História da Humanidade, obviamente, à escala global, possivelmente, não haverá um período, um continente, um país, uma organização ou até uma pessoa, que não tenha experienciado algum tipo de crise: na saúde, no trabalho, na economia, nos valores, nos sentimentos, nas relações interpessoais. O mundo sempre viveu, lutou e venceu inúmeras crises. O Ser Humano, dotado de extraordinárias capacidades: científicas, técnicas, intelectuais, manuais, entre outras, tem estado na linha da frente para as vencer.
As crises: umas mais acentuadas; outras mais superficiais, podem converter-se em grandes e únicas oportunidades de mudança, desejavelmente, para melhor, embora não se ignore que algumas são dilacerantes, precisamente, quando impõem sacrifícios excessivos, praticamente, insuportáveis: seja à sociedade no seu todo; seja às organizações; seja às pessoas, individualmente consideradas.
E se há crises pandémicas, financeiras, económicas, empresariais, políticas, religiosas, axiológicas e tantas outras, seguramente que algumas delas interferem, diretamente, ou contaminam, pela negativa, os sistemas culturais, afetando: princípios, valores humanos, deveres e direitos inalienáveis, que se refletem, posteriormente, nas gerações vindouras, com as consequências mais imprevisíveis, eventualmente, nefastas e irreversíveis.
Atualmente, primeiro quarto do século XXI, vivem-se, entre outras, três crises, que são, certamente, muito complexas: em que os valores ancestrais, que suportam a convivência harmoniosa e tranquila da sociedade, e da dignidade da pessoa humana, estão a ser alterados, desconhecendo-se, por enquanto, se para melhor ou para pior, desejando-se, contudo, que estes supostos novos valores, se dirijam para o bem-comum da humanidade; a outra, pandémica, que vem destruindo pessoas, empresas, sistemas económicos e financeiros, a partir de fevereiro de 2020, uma terceira, a guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia, que, igualmente, tem “ceifado” milhares de vidas, milhares de prisioneiros de guerra, destruído centenas, ou mesmo milhares de localidades
Entretanto: «Para se compreender a amplidão e a natureza da crise do tempo atual, é preciso levar em conta que entraram em crise o mundo moderno e a cultura que o sustentava e animava. É, portanto, a crise de um mundo, das suas raízes culturais e das instituições que estas inspiraram. É uma crise que atinge a época moderna inteira, e não este ou aquele aspeto desta.» (DENNY, 2003:61).
A capacidade humana, tem condições para acreditar ser capaz de vencer a maior parte das crises, excluindo-se, aqui, algumas de origem natural, que o Ser Humano não consegue evitar, mesmo que as preveja, com alguma, por vezes, certamente, pouca, antecedência, sendo garantido que, posteriormente, desenvolve os estudos e as técnicas para minimizar os efeitos, por vezes catastróficos, porém, e ainda assim, nem todos, nomeadamente, quando existem vítimas mortais.
Consolidar a fé no progresso, no que respeita, por exemplo, a melhorar as condições da alimentação em todo o mundo, a fim de reduzir a fome e a subnutrição, é um motivo de grande esperança para a humanidade, na medida em que são milhões de pessoas a tentarem sobreviver, até à exaustão, nesta crise terrível, mas que se acredita, mais cedo ou mais tarde, será solucionada.
Bibliografia
DENNY, Ercílio A., (2003). Fragmentos de um Discurso sobre a Liberdade e Responsabilidade. Campinas, SP: Edicamp.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal