1ª escola normal do interior é de Itapetininga e começou em 1895

Matéria publicada pelo jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba

A presença de políticos influentes fazia com que Itapetininga se destacasse entre as cidades paulistas no fim do século 19. A essa força política se deve uma das principais características do município: a construção de uma escola normal — responsável pela formação de professores. De acordo com o historiador Luiz Holtz, o chefe político era o coronel Fernando Prestes de Albuquerque, quarto presidente do Estado de São Paulo e aliado do senador Peixoto Gomide, que tinha residência em Itapetininga. Deve-se aos dois a conquista da escola, que formou jovens de diferentes cidades e de fora do Estado ao longo dos anos e garantiu à cidade o apelido de Atenas do Sul.

“A primeira escola normal, chamada de complementar na época, foi de Itapetininga, instalada em 1895”, conta o historiador Luiz Holtz. A primeira turma, segundo ele, formou-se em 1899 e foi dar aulas em cidades de todo o Estado. “Em 1911, 25% dos professores do Estado de São Paulo tinham saído de Itapetininga”, revela. Os estudantes eram filhos — mais precisamente, filhas — que, quando não iam se formar advogados em São Paulo, tornavam-se professores na escola normal.

O jornalista e historiador de Sorocaba, Sérgio Coelho, lembra que a mãe por pouco não precisou ir a Itapetininga para virar professora. “Minha mãe era da primeira turma de professores de Sorocaba, não precisou ir para lá”, diz. Conforme Coelho, Itapetininga tinha uma influência política muito forte, graças aos Prestes Albuquerque, que resultou na instalação das escolas. “Sorocaba demorou muito em ter escolas oficiais, por uma questão política”, afirma.

A influência de Itapetininga, além disso, foi o que resultou na primeira escola oficial em Sorocaba, ressalta Luiz Holtz. O Estadão, colégio estadual na avenida Doutor Eugênio Salerno, leva o nome de um itapetiningano: Júlio Prestes de Albuquerque, filho do coronel Fernando Prestes, que foi deputado federal e também governou São Paulo. “Certamente o Estadão foi uma indicação de Júlio Prestes”, acredita o historiador.