Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Envolvência política'
Envolvência política
A organização política, administrativa e territorial de uma nação é da responsabilidade das entidades competentes, nas respetivas matérias, em cuja cúpula está o Poder Político, representado pelos diferentes departamentos que, em função da sua especificidade, assim elaboram as normas jurídico-constitucionais, às quais todos os setores da sociedade ficam subordinados.
Vários e influentes são os diferentes poderes existentes num país: económico, financeiro, empresarial, bancário, político, religioso, cultural, desportivo, todavia, o Poder Político, através das suas principais valências: legislativa, executiva e judicial, (também a moderadora, em alguns sistemas políticos) de facto é o grande interventor na sociedade, por vezes, demasiado controlador e pouco cumpridor.
Hoje, primeiro quarto do século XXI, existe uma política para todas as atividades humanas: comercial, empresarial, financeira, económica, educativa, formação profissional, saúde, emprego, segurança social, defesa, segurança interna e tantas outras, por isso: «Pode-se dizer que a política é uma arte, uma vez que exige do artífice habilidades especiais, uma grande sensibilidade, uma vocação peculiar de quem a pratica no tabuleiro do jogo pelo poder.» (SANTANA, 2003:1). Mas a política não se fica, apenas, por determinadas habilidades, aliás, os estudos científicos estão muito avançados, e prosseguem em ordem a elevar esta atividade a um nível cada vez mais nobre
Desde há milhares de anos que a sociedade, por mais rudimentar que seja a sua organização, não pode dispensar a sua estrutura política, da qual emanam as leis em ordem ao equilíbrio das diversas relações, entre os diferentes agentes que a integram, assim como conformar, harmoniosamente, as condutas individuais, por muito legítimas que sejam, ao interesse do todo.
O Direito, na sua componente consuetudinária e, principalmente, na sua dimensão jurídico-normativa moderna, ordena, disciplina e sanciona os comportamentos das pessoas que integram uma determinada comunidade, um território, uma língua, uma história, usos, costumes, tradições e objetivos comuns, ou seja, um País.
É importante referir que qualquer pessoa, enquanto cidadã, tem o dever, e o direito, de participar na vida comunitária, através das diversas instituições, defendendo causas, prosseguindo objetivos, atingindo resultados que satisfaçam as necessidades do bem-comum, nem de outra forma se justificaria o envolvimento na denominada “Coisa Pública”, aqui no seu conceito lato e não estritamente político.
É legítimo que uma pessoa não queira participar na vida comunitária. Mas não será correto que depois passe o tempo a criticar, quantas vezes, negativamente, o trabalho daqueles que, generosa, voluntária e graciosamente desempenham, e/ou assumem funções filantrópicas, a título gratuito, apenas com a satisfação pessoal de bem servir o seu semelhante.
Para a maior parte das atividades humanas, existe uma política, como por exemplo, uma política para a: saúde, educação, trabalho, formação, economia, monetária, entre outras. Neste arquitetar de uma política para uma determinada área, devem estar subjacentes os diversos recursos: humanos, financeiros, científicos e tecnológicos, em ordem a conseguir-se os melhores resultados para o público-alvo dessa política.
Na verdade, com indesejável frequência, acontece que muitas pessoas que se candidatam a cargos públicos, ou de natureza pública, sindical, institucional, social, clubística, entre outros, antes de serem eleitos, e durante as campanhas eleitorais, ditas de esclarecimento e convencimento dos eleitores, a manipulação impera, as falsas promessas, de tantas vezes repetidas, até parecem verdades incontestáveis, que levam os potenciais eleitores a acreditar e a apoiar um tal candidato e, desta forma, populista, ilusória e demagogicamente, se ganham eleições.
A vida em sociedade pressupõe regras, princípios e valores, uma cultura cívica que impulsione as pessoas à participação ativa, para que muitos dos problemas que o Estado/Governo não consegue solucionar, sejam resolvidos, precisamente, pela sociedade civil, organizada nas suas diversas instituições e, em muitas situações, tem-se conhecimento que os resultados são, francamente, melhores, com menos recursos e mais rapidamente conseguidos.
Bibliografia
SANTANA, Edilson, (2003). Arte da Política Mundana: reflexões sociopolíticas e filosóficas. Campinas, SP: Edicamp.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG