Matéria de Carlos Cavalheiro: 'O FEMUP continua lindo…'

Carlos Carvalho Cavalheiro – O FEMUP continua lindo…

          Estão abertas, desde o início de julho, as inscrições para o 51º FEMUP – Festival de Música e Poesia de Paranavaí (PR), que agrega também o 48º Concurso Literário de Contos. Um dos mais importantes e relevantes Festivais do Brasil, o FEMUP iniciou-se como um concurso entre estudantes no ano de 1966. Na oportunidade, empolgados com as aulas de Oratória e Liderança ministradas pelo professor Gomes Silva, os estudantes do Curso Clássico da cidade resolveram criar uma noite de arte. Ao solicitarem ajuda ao professor, este sugeriu que o fizessem sim, mas que o batizassem de “1º Festival de Música e Poesia”, e acrescentou: “pois poderá continuar…”.

Assim nasceu o FEMUP que comemorou seu aniversário de meio século o ano passado. Este ano, o Festival promete manter o mesmo glamour e seriedade que fizeram dele um dos mais importantes Festivais Literários e de Música do Brasil. O troféu “Barriguda”, que possui a notoriedade simbólica de outros como “Kikito de ouro” ou mesmo o “Jabuti”, manterá a tradição do Festival.

Mas o FEMUP é muito mais do que um destacado festival lítero-musical. A estrutura pensada e organizada permite que seja, ao mesmo tempo, um evento de destaque nacional e que promova a produção artística local. Isso porque, as inscrições são feitas em duas fases: Regional e Nacional. Com isso, músicos e literatos da cidade são sempre estimulados a participar, tendo ciência de que trabalhos locais e regionais receberão prêmio, pois competem entre si e não com os de outras localidades. Outra novidade no FEMUP é que das quatro modalidades (Música, Poesia, Conto e Declamação), a última é exclusiva para grupos de Paranavaí. Com isso, há uma intensa proliferação de grupos e de pessoas interessadas nas artes cênicas. No FEMUP, as poesias são declamadas e os contos são dramatizados para o público geral, o que divulga toda a produção selecionada pela organização do Festival, imprimindo ainda a transparência do processo.

De acordo com Rosi Sanga, coordenadora da Casa de Cultura Carlos Drummond de Andrade e do Museu Histórico de Paranavaí, “o FEMUP formou-se a partir de um movimento juvenil e estudantil, desse evento e esse fazer artístico fervilhou-se muita manifestação artística, como grupo TEP de teatro, e outros grupos musicais. Essas pessoas envolvidas no festival formaram outros grupos e assim sucessivamente”.  O FEMUP ainda contribuiu para que os “equipamentos” culturais da cidade fossem considerados importantes pelo Poder Público, como a Escola de Música, o Teatro municipal e a Biblioteca Pública. É importante frisar, uma vez mais, que em Paranavaí há  “uns 5 grupos de atuando e vários núcleos de teatro (oficinas, projetos). São várias pessoas que trabalham com teatro e artes cênicas no geral, na cidade e também que já saíram daqui (que não necessariamente são de um grupo), mas que atuam e trabalham com isso – frutos ou herdeiros do FEMUP. E ainda hoje o FEMUP ajuda no incentivo a formação de atores, declamadores, novos poetas, músicos, bandas e grupos”, conforme testemunha Rosi Sanga.

Tudo isso fez com que a cidade de Paranavaí se elevasse em termos de produção artística e cultural, o que influencia na mentalidade do povo, ciente de suas identificações e do seu papel enquanto cidadão. Por isso, Paranavaí ganhou o epíteto de “Cidade Poesia”, o que se converte ainda em apelo turístico.

Enquanto se abriam as inscrições para o FEMUP, fechavam-se em Porto Feliz as do 3º Festival de Poema e Prosa, promovido pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esportes e Turismo, por meio do Grupo Sarau na Casa, o qual tem os mesmos propósitos do FEMUP, no que concerne à arte das Letras: incentivar, ressaltar e valorizar o desenvolvimento da criação literária. O que fará com que o 3º Festival de Poema e Prosa possa se tornar um evento como o FEMUP? A receita está dada, o que a cidade tem a lucrar é muito. Basta que se faça aqui o que foi feito lá, ou seja, que a população participe e tenha orgulho das coisas de sua terra. Impossível não é.

11.07.2016