Domínio e esperteza
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Artigo
‘Domínio e esperteza’
O exercício do Poder, recorrendo à prepotência, à perseguição, à vingança e à humilhação, revela-se uma prática própria de pessoas inferiorizadas, de baixa ou nenhuma formação humanista, com presumível má educação, caraterísticas de quem procura esconder as suas incapacidades, incompetências, recorrendo, portanto, à arrogância, à vaidade paroquial e, quantas vezes, ao assédio, nas suas diferentes formas.
Frequentemente, já no primeiro quarto do século XXI, deparamo-nos com pessoas que, por diversos processos: uns, legítimos e legais; outros, nem tanto, conseguiram uma situação socioeconómica confortável, exibindo, ostensiva e “babosamente”, os “anéis” conquistados, também, muitas vezes, com apoio substancial de familiares e amigos.
Naturalmente que se reconhece mérito a tais pessoas, quando pela inteligência, trabalho, organização e gestão dos seus bens patrimoniais e financeiros alcançam cada vez mais Poder, todavia, quando se perde a noção: das origens, princípios e valores; da sinceridade, da humildade e da gratidão, estaremos perante os chamados “novos-ricos” que, axiologicamente, continuam a “não ter onde caírem mortos”, não passando, afinal, de “uns pobres de espírito”
O Poder, ainda que seja na sua forma de capacidade de sedução, pelas maneiras excessivamente sofisticadas, supérfluas, interesseiras e hipócritas, com o objetivo de “Agradar a Gregos e a Troianos” e, mais concretamente, a outras pessoas consideradas “importantes” na sociedade, não passa de uma pretensão pacóvia, própria de quem não se dá conta do ridículo a que se expõe.
O exercício do Poder a partir da atividade política, é extremamente difícil, na medida em que, o Poder Político é, ainda, mais precário e vulnerável, porquanto se desenvolve por ciclos temporais e, no final de cada período, fica sujeito à votação dos eleitores os quais, pelos mais diversos motivos, tanto podem reconfirmar, como recusar o apoio ao respetivo candidato.
A preparação para exercer um cargo político deveria, portanto, ser um dos requisitos preferenciais para toda e qualquer pessoa que pretenda entrar na vida política. A eleição maioritária, ou a nomeação legal, para uma determinada função política, ou técnico-administrativa, respetivamente, por si sós, não garantem que o tal titular, venha a ter um sucesso e, muito menos, os que dele venham a depender.
Acontece, frequentemente, que a ganância pelo poder, muitas vezes, é mais forte do que quaisquer princípios, valores e sentimentos, nestes se incluindo a fraternidade, a amizade, a lealdade e a gratidão.
Na política, é inaceitável que se recorra a todo e qualquer expediente para se atingirem determinados fins, como será censurável que quem a exerce altere as suas caraterísticas, princípios, valores e sentimentos, constituintes da sua personalidade, para alcançar objetivos pessoais, quantas vezes obscuros, ilegítimos e, eventualmente, ilegais.
Infelizmente, tem-se conhecimento que haverá pessoas que pensam o seguinte: «Mudando de personalidade facilmente, à medida que captam sinais do que as cerca, para aparecerem e fazerem-se gostar, são capazes de induzir pessoas de quem não gostam a pensar que são suas amigas. Moldam seu comportamento de acordo com as situações individuais e sociais, a depender das circunstâncias do momento, a partir do que alcançam alto índice de valorização, sobretudo na política.» (SANTANA, 2003:37:44).
Bibliografia
SANTANA, Edilson, (2003). Arte da Política Mundana: reflexões sociopolíticas e filosóficas. Campinas, SP: Edicamp
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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