Dimensão social das empresas
Diamantino Loureiro Rodrigues de Bártolo: Artigo ‘Dimensão social das empresas’
De entre os vários domínios em que uma empresa pode ser auditada, para efeitos da respetiva certificação, pela entidade competente, nas diversas áreas da qualidade, destaca-se, cada vez mais, aqueles aspetos relacionados com a responsabilidade social, onde entram critérios e avaliações do trabalho infantil, cumprimento de horários, discriminação, isto apenas para mencionar alguns.
A norma internacional SA 8.000 é bem explícita, embora, possivelmente, ainda pouco utilizada por muitas empresas, seja por desconhecimento, seja para evitar eventuais despesas, embora estas sejam rapidamente recuperáveis, a partir da obtenção de uma certificação de qualidade neste domínio.
É sabido que a constituição de uma empresa requer diversos conhecimentos, recursos variados, e uma grande determinação para empreender numa área de negócio, previamente especificada.
Frequentemente, a crise mundial dificulta muito a criação de novas empresas e facilita o encerramento diário de centenas, em todo o mundo. Ser empreendedora/r, em Portugal, em circunstâncias incertas, é um grande risco. Ora, acontece que, no mínimo, no que aos clientes se refere, a situação que resulta do fraco poder de compra, pode, precisamente, destruir, e/ou não deixar crescer a empresa, ou, ainda, quando ela depende de apoios estatais.
Ser empresária/o em nome individual, pressupõe uma postura otimista, relacionamento direto e cordial com potenciais clientes, fornecedores e autoridades competentes, conhecimento do mercado onde vai desenvolver a sua atividade e, naturalmente, os indispensáveis recursos humanos, financeiros e técnicos, a que devem aliar-se um vasto conjunto de qualidades pessoais. O empresariado pode equiparar-se, portanto, a uma ciência e a uma arte.
Várias são as questões a ter em conta na constituição de uma empresa, na medida em que: para além do produto/serviço, inerente ao seu ramo de negócio, existem, pelo meio, as pessoas, quaisquer que sejam as funções desempenhadas por elas, dentro, e/ou fora da empresa.
Importa aferir-se, com verdade e rigor: quando a empresa é constituída por mais de uma pessoa; qual o nível de conhecimentos específicos de cada sócio do objeto da empresa; qual o grau de relacionamento existente entre os sócios, afigurando-se, igualmente, que o sucesso poderá ser influenciado por princípios, valores e sentimentos, com que cada um participa, pensando-se que a reciprocidade daqueles deve estar sempre presente.
Convirá, portanto, que entre os sócios-empreendedores, ainda antes da constituição da empresa, conversem, intensa, aberta e profundamente, sobre todos os aspetos que, no futuro, se colocarão, que envolvem as diversas dimensões da pessoa humana: sentimental, emocional, social, educacional, responsabilidade, personalidade, entre muitas outras possíveis, precisamente para se evitarem atritos e conflitos.
A dimensão social das empresas, passa pelos recursos disponíveis: financeiros, humanos, técnicos, mas também pela sensação dos respetivos empresários, para estas questões.
As várias sensibilidades para as diferentes dimensões sociais acontecem, ou não, com as pessoas portadoras de princípios, valores e sentimentos, quando a empresa é constituída por mais do que um empreendedor, qualquer um dos sócios deverá abrir-se ao outro, sem reservas, expondo-lhe todo o seu pensamento, em todos os aspetos que possam fazer funcionar melhor a empresa, designadamente, na sua responsabilidade pessoal perante a sociedade.
Nesta linha de orientações, pode-se considerar, com relativa segurança, que o relacionamento pessoal, entre os sócios, dir-se-á que será uma espécie de “Pedra Filosofal”, na perspectiva daquilo que o futuro da empresa pode oferecer.
Nunca será demais recordar que, seja qual for o género dos sócios: masculinos, femininos ou mistos; estado civil: solteiros, casados, viúvos ou divorciados, a abertura, entre todos eles, terá de ser total, sincera e transparente, de tal forma que se possa estabelecer, um laço de amizade e de cumplicidade.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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