Coluna do Sergio Diniz da Costa no Jornal da APEVO

Cultura

LITERATURA, ARTES & CURIOSIDADES

setembro de 2016

Poesia Poesia

 

CabralJoão Cabral de Melo Neto (1920-1999) nasceu em Recife e é considerado um dos maiores poetas da Geração de 45, assim chamada por rejeitar os “excessos do modernismo” para elaborar uma poesia de rigor formal, construindo uma expressão poética mais disciplinada. Para o poeta, “a poesia não é fruto de inspiração em razão do sentimento”, mas de transpiração: “fruto do trabalho paciente e lúcido do poeta”. A primeira obra de João Cabral, Pedra do sono (1945) apresenta uma declinação para a objetividade e imagem surrealista. Já em O engenheiro (1945), percebe-se que o poeta se afasta da linha surrealista, pendendo para a geometrização e exatidão da linguagem. Nas suas principais obras, como Morte e Vida Severina (1965), revela uma preocupação com a realidade social, principalmente com a do Nordeste Brasileiro. João Cabral é considerado pelos críticos “não apenas um dos maiores poetas sociais, mas um renovador consistente, instigante e original da dicção poética antes, durante e depois dele”. Ele e Graciliano Ramos possuem o mesmo grau ético e artístico, um na poesia, o outro na prosa, que objetiva com precisão uma prática poética comum: deram à paisagem nordestina, com suas diferenças sociais, uma das dimensões estéticas mais fortes, cruéis e indiscutíveis que já se conheceu. (Para saber mais: http://www.infoescola.com/escritores/joao-cabral-de-melo-neto/) De sua autoria, o poema Tecendo a Manhã:

 

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

 Artes

(pintura, teatro, música, dança…)

 anselmo2

     O Pagador de Promessas

 

AnselmiAnselmo Duarte Bento (Salto, 21 de abril de 1920 — São Paulo, 7 de novembro de 2009) foi um ator, roteirista e cineasta brasileiro. Anselmo começou no cinema como figurante no inacabado filme de Orson Welles no Brasil, It’s All True (1942). Com “Carnaval no Fogo” (1949), produzido na Atlântida e dirigido por Watson Macedo, ele se torna um dos maiores galãs que o cinema brasileiro já teve. Em 1951, é contratado pela Vera Cruz, ganhando, então, o maior salário da empresa. Seu primeiro filme na companhia, como ator, foi Tico-Tico no Fubá (1952), sendo um grande sucesso. Estreia na direção com Absolutamente Certo (1957), mostrando-se ser, depois, um grande diretor de cinema. Ganhou a Palma de Ouro e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes em 1962 com O Pagador de Promessas, filme que também concorreu ao Oscar melhor filme estrangeiro. Em Cannes Anselmo concorreu ao prêmio de melhor diretor com Michelangelo Antonioni, Robert Bresson, Luis Buñuel e Sidney Lumet, entre outros. Foi membro do júri Festival de Cannes em 1971. Também dirigiu outros clássicos do cinema nacional, como Absolutamente Certo e Vereda da Salvação, mas, devido a divergências ideológicas com a turma do Cinema Novo, sua carreira entrou em declínio.

 

 
José 2

JoséJosé Bastos Padilha Neto (Rio de Janeiro, 1º de agosto de 1967) é um cineasta, roteirista, documentarista e produtor cinematográfico brasileiro. Seu primeiro roteiro produzido foi o documentário para a televisão Os carvoeiros, em 1999. Sua estreia como diretor de cinema foi no premiado documentário Ônibus 174, de 2002. O primeiro longa de ficção foi o sucesso Tropa de Elite, em 2007. Em 2008, Padilha foi incluído na lista 10 Directors to Watch da revista Variety. Foi produtor do filme Tanga: Deu no New York Times (1987), dirigido por Henfil, e trabalhou na viabilização financeira de Boca de Ouro, de Walter Avancini. Dirigiu e produziu o documentário para TV, Os Pantaneiros. Produziu Estamira, documentário, sobre uma mulher esquizofrênica que, por mais de duas décadas, trabalhou e viveu no lixão do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Seu primeiro longa-metragem como diretor, Ônibus 174 (2002) tenta reconstituir um episódio violento do Rio de Janeiro, o sequestro de um ônibus que terminou em tragédia. Em 2007, foi lançado Tropa de Elite, sua primeira ficção, com o qual, em 2008 ganhou o Urso de Ouro, em Berlim. Em 2009, filmou Segredos da Tribo, onde expõe a guerra entre antropólogos por causa dos ianomâmis. Em 2010, lançou Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro. Em 2014, Padilha dirigiu RoboCop. Em 2015, dirigiu a série Narcos da Netflix, que conta sobre a ascensão de Pablo Escobar, o maior traficante da Colômbia, e dos esforços das DEA para derrubar seu cartel.

 

 Você sabia que…

Voce sabia2

 

O café mais gostoso e mais caro café do mundo é o Kopi Luwak? Os grãos passam por um processo muito especial de preparação, que fornece aroma e sabor únicos à bebida: antes de serem torrados, eles são ingeridos e  processados pelo estômago e intestino de pequenos mamíferos conhecidos como civetas, um animal de hábitos noturnos, nativos da Ásia tropical e da África. Isso mesmo: os grãos usados para preparar o café mais caro do mundo são, necessariamente, expelidos nas fezes da cevita antes de irem para as prateleiras. Produzido nas ilhas de Sumatra, Bali e Java, o quilo do Kopi Luwak custa, em média, US$ 500 (R$ 1.000), na Indonésia. No Brasil, temos um café semelhante, por um preço bem mais em conta, o Jacu Coffee, cujo processo difere apenas em relação ao animal, os jacus, um gênero de ave encontrado na América do Sul.

 

Um mega abraço e até a próxima edição!

Sergio Diniz da Costa