Menino feliz
Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Menino feliz’
Ao amanhecer,
nas cercanias da foz do rio,
uma casinha despertava a sorrir
com a chegada do menino,
que ali desfrutava das brincadeiras,
embaladas em sua meninice.
O dia passava
e o brincalhão menino,
soltava pipa,
jogava pinhão, bola,
brincava de pega-varetas, adedonha,
bolinha de gude, xeba,
estátua, pique-pega, queimada,
andava de bicicleta,
e às margens do rio
sobre seus braços nadava,
corria e pulava em cambalhotas
ao espreitar de um coqueiro solitário
que sorria.
No mundo de sonhos dourados
resvalava sobre as águas em sua canoa à remo,
e com os olhos voltados para o poente,
prosseguia a pescar.
Na tarde crepuscular,
vagueava em suas andanças,
e curioso nas descobertas
seguia estrada afora,
cercada de brejos, várzeas,
e à sombra de manguezais,
conversava com os pássaros.
Na solidão do seu pensar
ouvia o canto de sabiás e bem-te-vis,
que ao ressoo o embevecia.
Absorto, encantava-se
com serenas garças e marrecos
que ao ruflar das asas, sacodiam suas penas
colorindo a paisagem
e em revoada voltavam em bando
para seus ninhos.
O sol fenecia,
e na quietude, rasgo do entardecer,
o menino enveredava feliz,
trazendo uma doce alegria
das inquirições,
enquanto a casinha encolhida
debaixo do cimo da janela do ocaso,
aguardava o anoitecer.
Veio enfim a noite
e o céu bordado de estrelas reluzia
sobre o rio, a casinha e o menino.
O vento cantava canções de ninar
debruçado sobre seu leito, lindos versos
esculpidos nas asas de sonhos reais,
da infância do menino feliz.
Ceiça Rocha Cruz
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