O dia a dia de um narcoléptico
Francisco Evandro de Oliveira:
Conto ‘O dia a dia de um narcoléptico’
Márcio, quando o conheci, era portador de uma suave narcolepsia, todavia, o que as pessoas prestavam mais atenção, sem sombra de dúvidas, era justo a sua forte compulsão bulímica e isso ele fazia questão de mostrar ao longo do seu dia de trabalho.
Adepto da piromancia e das aritmancias, catobamancia e principalmente a ceromancia. Isso tornava-o um elemento bem respeitado, não só por seu porte físico, como também por seu grau premonitório, e fazia com que muitas mulheres o procurassem para lhe consultar.
Márcio era também um defensor incansável da ergonometria; quando sua narcolepsia não se fazia presente, ele começava bem cedo com sua lida e para tal, tinha que fortalecer sua compulsão bulímica e após isso, ele saía para iniciar o seu dia a dia.
Às vezes, Márcio era obrigado a encostar o carro durante o trajeto para o trabalho, porque sua narcolepsia se fazia presente.
Nesses momentos ele era obrigado a usar seu celular, enquanto havia tempo, a fim de que alguém o levasse ao seu local de trabalho.
Em lá chegando, as pessoas o deixavam se acomodar em qualquer lugar até ele voltar ao normal. Eles já estavam acostumados com esse quadro. Alguns ficavam chateados porque eram obrigados a fazer também o serviço de Márcio.
Às vezes, quando ele voltava a si, parte do dia já tinha ido, aí sua ergometria entrava em ação e Márcio começava a trabalhar, e rapidamente dava conta do recado, não só seu, como dos demais companheiros, até daqueles que o criticavam e estavam sempre lhe aconselhando a procurar um médico.
Após findar o dia, lá ia Márcio suavemente iniciar a sua segunda jornada e esta era bem mais excitante, porque ele gostava por demais, não só por colocá-lo em contato direto com muitas mulheres bonitas, mas por causa do esoterismo, o qual era seu mundo de satisfação.
Ao chegar ao local, Márcio se transformava por completo, sua narcolepsia deixava de existir e ele não sabia explicar o motivo pelo qual isso acontecia.
Após vários tipos de consultas, lá ia ele de volta à casa; então, considerava seu dia findo.
Era o momento de repouso sagrado do guerreiro, isso fazia aumentar a sua suave narcolepsia; contudo, era o instante em que ele se sentia mais feliz.
Francisco Evandro (Farick)
Contatos com o autor
Voltar: http://www.jornalrol.com.br
Facebook: https://facebook.com/JCulturalRol/