Onde está sua mão, na pandemia levada?
Ella Dominici:
Poema ‘Onde está tua mão, na pandemia levada’
onde está a mão que me afagava
suave ou apertada
em teus dedos entrelaçada
caminho adentro
abríamos alamedas
entrando no nada levando o tudo
alegria furtada
das árvores enamoradas
nossa Pasárgada
onde estão olhos de um brilhante
entusiasmo apaixonado
de resistir aos solavancos
dos cavalos persas
de sonhos esfuziantes
colados ao meu destino
teu corpo em equinas ancas
ignorando adversas esquinas
onde está o teu falar
ora acalmava ora interpretava
os mais largos puros sorrisos
outrora sussurrava em meus ouvidos
os mais emocionantes alaridos
de amor-prazer sem pausa entoado
vento descortina ruas
faz desérticas folhas
desatinadas são perplexas
na ordem do sopro desvairado
sopro arrasta a vida longamente
ou corta o cordão magistral
que une à terra-mãe-umbilical
ao filho da devassa natureza
foge-lhe visão do natural
surge-lhe imagem incandescente
solta-lhe as mãos entrelaçadas
voltam-se as mãos ao ventre
em posição de origem fetal
Pasárgada já não é mais nem menos
que a almejada e mirada
morada enamorada admirada
onde está a mão que me afagava
afaga-lhe outra mão agora
vou embora pra Pasárgada*
Ella Dominici
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