Angelo Lourival Ricchetti: Continuação do livro que conta a história de uma família, desde 1400 até 2023. Ficção com base em documentos e narrativas de pessoas reais
Angelo Lourival Ricchetti: Continuação do livro ‘DA ARTE DE SE CRIAR PONTES’
Como combinado, segue como arquivo anexo o quarto ‘pedaço’ do meu romance sobre uma família, uma obra de ficção mas com base em pessoas, fatos e documentos reais. Se desejar, e agradeço muito, cada leitor pode fazer comentários.
Um abraço fraterno a você e a todos os seus.
Angelo Lourival Ricchetti
(continuação)
– Venham almoçar! Ou preferem continuar ai lendo essas coisas velhas que ninguém ainda leu e talvez nunca vá ler?
Quarto pedaço do romance, tal qual uma pizza, pedaço a pedaço vai sendo comida por quem desejar. Posso passar os pedaços publicados por e mail. Envie um para mim e retorno com arquivos anexados. Angelo Lourival Ricchetti aricchetti@yahoo.com
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Como Lolou para de cantar volto-me para ele para pedir que me conte mais e paro. Não posso. Fico em silêncio. Cabeça recostada no sofá, olhos fechados, ele chora baixinho, lágrimas escorrendo pelo rosto suavemente. Saio sem fazer ruído da sala e vou falar com minha avó Maria Julia.
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Na cozinha, enquanto minha vó Julia prepara o almoço eu continuo a ler o que o meu bisavô Uth Ricchetti escreveu e agora já está copiado em meu micro computador de bolso.
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(Quarto trecho de Uth Ricchetti)
Meus companheiros de peraltices foram: Mário Saleme, José Saleme, Artur Saleme, Alberto Orsi, Agostinho Orsi e outros. Estes juntamente comigo matavam as aulas para roubar laranjas nos pomares da cidade. Foi há tanto tempo que até parece mentiras.
Com esses companheiros, tive uma passagem que me custou uma boa sova de papai. Todas as moedas daquele tempo (de um mil reis, dois e cinco) meu pai depositava para mim, num cofre, que ficava guardado nos guarda-roupas de meus pais.
Aconteceu que a molecada formou um time de futebol num terreno vago, perto do rio Santo Antônio, onde tomávamos os nossos banhos também e nadávamos escondidos.
Queríamos ter a nossa bola de cobertão e foi aí que eu me lembrei do meu cofre e às escondidas entrei no quarto de papai, peguei o cofre e joguei da janela para eles que esperavam embaixo.
Ninguém esperava aquela reação de papai.
Havendo outras casas comerciais que vendiam bolas, os meus companheiros foram justamente na casa Ricchetti comprar a bendita bola.
Papai, quando viu todo aquele trocado, falou à minha mãe Maria:
– Coloque mais esses miúdos no cofre do Uth. Mamãe procurou pelo cofre e nada. Onde estaria? Minha mãe desesperada perguntou a papai:
– Você pegou o cofre do menino? Num rápido pensamento papai descobriu tudo. Ah! Aquele dinheiro todo era meu e papai não gostava que eu jogasse bola. Emprego inútil e mais uma sova das grandes para eu aprender que não se deve mexer nas coisas guardadas mesmo sendo tostão por tostão.
Sofri muitas outras sovas, pois era irrequieto mesmo. Os amigos de papai me vigiavam e iam contar todas as minhas artes: se fugia do Grupo Escolar ou ia pular cercas dos quintais para roubar frutas.
Os fiscais da Prefeitura, João de Carvalho (um preto) João dos Santos (muito chato), o coletor estadual João Braga, que era nosso vizinho e o meu irmão Hermínio, todos me vigiavam e iam contar a papai as minhas peraltices.
Com meus amigos, Lauro, Artur e Gilberto, fazíamos cineminha no porão da casa do Artur. Usávamos uma vela, um vidro e figurinhas de revistas, mas um dia o Gilberto bateu na vela e o fogo pegou nas revistas. Todo mundo correu, a fim de apagar o fogo antes que se tornasse um incêndio maior. Nunca mais fizemos cineminha.
Para acabar com a turma de moleques, isto é, a minha companhia entre eles, meu pai me mandou interno no colégio de Botucatu, Quem me levou foi o padre Ronssini, amigo e compadre de papai. Esse padre era o vigário da Querida Aparecida de São Manuel, que até hoje existe.
No Ginásio de Botucatu foram meus colegas: Plínio Targa, que mais tarde formou em medicina, Alcides Tomazzetti (advogado) Antônio Tedesco (médico) é o diretor do Hospital de Lençóis, Plínio e Álvaro Carneiro, Carlito de Campos Mello (primo de minha mulher) aposentado do Ministério do Trabalho, Henrique Faschietti, médico.
Saí desse Ginásio porque meu pai tinha falado aos padres que eu não devia jogar bola. Papai foi me visitar e eu estava com o braço quebrado. Quebrei jogando bola.
Nesse tempo papai já começava a nos preocupar. Estava ficando doente e tirara umas férias. Foi para Santos com mamãe e eu, o caçula.
Ainda nesse Ginásio (em Botucatu), numa das férias, a minha turma foi brincar numa casa em construção, onde o Tibério, preto, carregador de malas na Estação Ferroviária, também tomava conta (da casa em construção). O Tibério não queria a molecada ali. Os moleques mandaram um tal “Dito Louco” atacar uma pedra e acertou justamente num dos olhos do Tibério, o qual ficou cego. Foram todos chamados na delegacia e eu, que não estava com eles nessa ocasião, fui mandado para o Colégio, em plenas férias.
Desde aí larguei da turma e não mais apanhei de papai.
Estando com meu pai em Santos, já há cinco meses, ele piorou muito.
Em São Paulo, papai consultou diversos especialistas, que de nada adiantou.
Fui mandado para Lençóis, onde meu irmão Henrique era Diretor do Grupo Escolar e lá completei o grupo escolar.
Em Lençóis eu ia nadar no rio Lençóis com uns amigos (escondido do meu irmão Henrique). Um dia cheguei em casa com as minhas costas pegando fogo e disse à minha cunhada Silvia que um bicho tinha percorrido toda minha pele e por isso estava assim muito vermelha. Meu irmão não foi na tapeação, me deu um sermão, dizendo que o lugar onde íamos era muito perigoso.
Papai faleceu em quatro de janeiro de 1927.
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Voltando para a sala percebo que meu vô Lolou já havia se recuperado e então continuo a perguntar.
– Como seu pai sentiu a morte do maestro Angelo? Aqui nos textos não há nada a respeito.
– Meu pai Uth nunca me falou a respeito também. Parece que o pai era um deus supremo e ele vivia à parte. Minha vó em quem cuidava dele e depois de toda nossa família.
Mas eu lembro que minha tia Helena uma vez falando dos irmãos que tocavam instrumentos musicais disse que foi uma pena não poderem continuar na música.
Quis saber sobre isso e ela falou que o Maestro, nos seus últimos instantes fez todos os filhos jurarem que ninguém mais na Famiglia podia ser artista! A arte só nos traz desgraças.
De fato os seus descendentes diretos nunca mais pensaram em arte. Após o enterro, conta minha tia, os irmãos dela foram até o porão onde jazia um caixote enorme repleto de composições musicais escritas pelo Maestro e queimaram.
– Como eram obedientes! Mas seu pai deve não ter contado tudo que sabia ou viveu. Ou quem está escondendo é o vô Lolou… (ele faz que não me ouviu) Por que ele escreve desse modo?
– Que modo, ele me pergunta.
– Assim, nomeando todos os detalhes, fazendo um tipo de rol. Meu vô diz:
– Meu pai, depois que o pai dele morreu, viveu sempre debaixo da saia da minha vó, como se dizia antes. Ele teve também outras serventias nos negócios da família. Mas, depois de um tempo, foi chamado a ser funcionário municipal e acabou como funcionário da Biblioteca Municipal.
– Ele era o bibliotecário?
– Não era, nem havia um profissional desses em São Manuel. Mas meu pai cuidava bem dos livros e gostava que fossem lidos. Eu passei a frequentar a Biblioteca e lia todos e de tudo naqueles livros tão bem organizados por ele. Penso que esse senso de organização influiu na sua forma como escreveu esse texto nesses arquivos.
Eu nunca entendi, entretanto, como ele escreve tão pouco sobre o maestro Angelo Ricchetti, seu pai. Por isso que fiz muita pesquisa para compreender quem foi esse meu avô. O interessante é que nessas pesquisas acabei conhecendo outros com mesmo sobrenome ou assemelhado no Sul do Brasil e por isso participei de um Encontro da Família em Cascavel.
Esse pessoal dizia que os familiares só se encontravam quando alguém morria e isso não era certo.
Alguns deles começaram a se perguntar: porque não nos encontrarmos enquanto estamos todos vivos?
E assim organizaram o primeiro encontro com familiares do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Não sabiam que havia mais familiares em outros estados e outros países mesmo.
Fui eu que resolvi ir a esse encontro e fui muito bem recebido e pude trocar muitas ideias com todos eles.
A Rosana Richetti foi muito gentil comigo, me mostrou a cidade, falou sobre o trabalho dela na prefeitura. Embora tivesse de ajudar durante o encontro, se importou comigo quanto a mostrar Cascavel. Sempre vou ser grata a ela.
Todos, enfim, foram muito cordiais comigo, talvez por ser o único do Estado de São Paulo. Eu também me emocionei muito, pois o sentimento de amor à Itália, aos cantos rurais que os antepassados trouxeram para o sul do Brasil quando eles imigraram e a alegria contagiante que cada um demonstrava quando encontravam os parentes distantes no espaço, mas, com certeza, muito próximo pelos sentimentos.
A cada ano eles voltam a realizar esse encontro em alguma cidade onde há Ricchetti e sobrenomes correlatos.
Eu já sabia, pois já havia feito contatos via Orkut com muito deles no Rio Grande do Sul, que o primeiro a chegar, pelas minhas contas, vinte anos antes do meu avô, se instalou em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul e dele foi gerado muitos descendentes em todo o sul do Brasil. Porém, nunca nenhum deles ficou sabendo do meu avô e este nunca soube deles.
Voltei desse encontro completamente transformado. Fui o único paulista com esse sobrenome. Como nós de São Manuel pudemos ter perdido tudo que meus avós e tia haviam trazido da Itália? Somente eu estava resgatando esse passado.
Em Cascavel ficamos em dúvida se éramos parentes de sangue, mas foi bem resolvido pelo líder do encontro Jayme Richetti com a seguinte frase:
– Se somos parentes não sei. Mas agora somos amigos até a morte! Não precisamos de exames de D.N.A.
Após uma gargalhada, começou, com seu vozeirão bem afinado de músico, a cantar a música símbolo do encontro. Logo todos os demais o acompanharam, formando um coral à capela.
Um deles logo começou a dedilhar um violão.
Outro uma harmônica que chamamos em São Paulo de sanfona.
Os outros que estavam fazendo a contabilidade e o caixa da festança do dia anterior param e vem engrossar o coro dos cantantes.
Lolou canta até que com voz bem afinada:
Mérica, Mérica! [Folclore Italiano] (1875)
Dalla Italia noi siamo partiti
Siamo partiti col nostro onore
Trentasei giorni di macchina e vapore,
e nella Merica noi siamo arriva’.
Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo ‘sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.
E alla Merica noi siamo arrivati
no’ abbiam trovato nè paglia e nè fieno
Abbiam dormito sul nudo terreno
come le bestie andiam riposar.
Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo ‘sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.
E la Merica l’è lunga e l’è larga,
l’è circondata dai monti e dai piani,
e con la indústria dei nostri italiani
abbiam formato paesi e città.
Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo ‘sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.
Merica, Merica, Merica,
cossa saràlo ‘sta Merica?
Merica, Merica, Merica,
un bel mazzolino di fior.
O esforço de cantar fá-lo se cansar.
– Você pensa que é fácil ter 83 anos? Vou me deitar um pouco e depois continuamos. Ah, tenho o disco que ganhei em Cascavel. Começa com um vapor apitando. Pode levar para você.
– Um momento Lolou, preciso dizer que vou numerar nossas conversas e texto senão me perco em tudo que se está falando e lendo. O vô me olha feio:
– Você não está pensando em escrever um livro, não é?
Fico sem jeito, pois estou mesmo, embora estude arquitetura e não literatura. Digo:
– Já combinamos quanto a isso, vô. Não vamos começar de novo essa conversa. Se for fazer algo com isso tudo eu lhe aviso antes.
Ele está desconfiado. Creio que vai começar a me esconder alguns fatos de mim. Fazer o quê?
Ele sai da sala para o quarto e eu entro no meu notebook onde havia copiado os arquivos, comecei a numerar tudo e continuei lendo o texto do meu bisavô Uth.
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(Quinto texto do Uth Ricchetti)
Em 1928 a velha Casa Ricchetti da Rua 15 de Novembro foi demolida e no lugar construíram outra, que mais tarde veio a acabar com um incêndio, que, aliás, acabou com tudo (1976).
Depois do falecimento de papai eu fui para o Ginásio Anglo-Brasileiro, onde só se falava em inglês. Foi o meu irmão Fausto que me colocou nesse ginásio. Tomei raiva da língua inglesa pelas dificuldades que passei nesse tempo de colégio. Fiquei pouco tempo aí. Os exercícios físicos eram muito rigorosos. Fiquei com uma hérnia que me doía muito. Um dia minha tia Carmela, irmã de mamãe, foi me visitar e então eu me queixei da hérnia e ela me levou ao médico e do médico para a sala de operação. Voltando ao ginásio a enfermeira inglesa colocou álcool no corte, inflamando-o. Voltei para o hospital para curar a inflamação.
Saí desse colégio. Mamãe me matriculou no Ginásio São Bento (São Paulo). Arranjei muitos amigos e fiz lá o 1º ano ginasial. Naquele tempo eram quatro anos de grupo escolar, três anos de completares e cinco anos de ginásio e aí a gente era formado em “Ciências e Letras”.
Quando ia fazer exames para o 2º ano ginasial fui reprovado em Moral e Cívica, fiquei com raiva da escola e não voltei mais.
Nas férias, já em São Manuel, indo ao Correio ver a correspondência encontrei com o meu colega Anísio Floriano de Toledo. Ele contou que estava namorando uma moreninha que tinha vindo de Botucatu.
A menina morava na Rua 13 de Maio (hoje Irmãos Cintra).
Indo visitar o meu amigo, João da Mota Macedo, vi a tal moreninha que viera para a casa dos pais e estudar no ginásio Acioli, aberto há pouco tempo e eu ia estudar no mesmo ginásio.
Logo descobri que a tal menina era aquela de oito anos que disse que ia me casar com ela.
Lucila, o seu nome.
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Fico falando em vós alta esse nome: Lucila! Lucila! Minha bisavó tem música no nome. Lolou acorda e aproveito para querer saber mais da família da minha bisa.
– Bento de Campos Mello e seus pais eram de família tradicional paulista, embora os antecedentes houvessem sido desde bandeirante até negros e índios. Jovem ainda Bento queria ser médico por amar as ervas e os xaropes e preparados que aprendera e pesquisara para a cura de enfermidades. Eu mesmo lembro do chamado “amargo” um preparado duro para se engolir, mas nos punha saudável rapidamente. Ele se enamorou de uma jovem loura e de olhos muito azuis cujo apelido era Catita, ou seja, moça muito bonita e cativante.
Interrompo meu avô fazendo ver que os olhos deles são azuis e que nos retratos de família ninguém tem olhos azuis.
– Meus avós Angelo e Maria Giovanna não tinham olhos azuis e não eram louros. Parece que todos da região que nasceram eram bem morenos. Imagino então que o azul dos meus olhos herdei de minha avó materna Catita.
A família dela, paulista quatrocentona, como se dizia, descendera também dos holandeses do Recife e então essa é a origem da cor desses olhos. Mas me deixa falar da família dos Campos Mello.
Eles e outros paulistas haviam fundado a cidade de São Manuel. Formavam uma elite cafeeira e a cidade foi uma das mais ricas do Estado por causa da plantação e exportação de café para Estados Unidos e Europa. A terra do plantio era chamada pelos imigrantes italianos de “rossa”, ou seja, “vermelha”, batizada pelos paulistas de “roxa”. Terras assim eram as mais férteis para o plantio do café. Existe, não sei se ainda, o Museu do Café.
– Isso quer dizer que a bisavó Lucila nasceu em berço de ouro?
– Não nasceu. O pai de Bento morreu quando ele estava estudando medicina em São Paulo. Teve de abandonar para vir cuidar dos negócios da família, fazenda de café e um armazém de secos e molhados com mais de oito portas, quer dizer, um enorme prédio de compra e venda.
Meu avô paterno, entretanto, era muito honrado, logo muito confiante nos seres humanos.
Vou contar um fato que minha mãe me segredou. Na revolução de 1924, as tropas revolucionárias estavam fugindo da capital do Estado, pela Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) e em toda cidade em que paravam o trem, os soldados roubavam tudo que havia e “maltratava” as mulheres. São Manuel ficava no ramal da EFS de Botucatu a Bauru. O prefeito sabendo disso fugiu da cidade, ficando meu vô Bento tomando conta de tudo por ser Vice Prefeito.
Então ele se dirigiu à Prefeitura e junto com um funcionário pegou todos os valores, em documento e em dinheiro, colocaram em um baú e enterraram na fazenda dele. Chegando os soldados rebelados assaltaram lojas, comércio, mas na Prefeitura nada acharam. Foram embora rumo ao Mato Grosso.
– Seu avô Bento ficou com todo esse dinheiro para ele? Ninguém sabia onde estava a não ser ele e o funcionário.
– Ele era tão honrado que foi à fazenda, manou desenterrar o baú, entregando ao Prefeito todo o conteúdo.
Por ser tão honrado e confiante, deixou a um sócio do pai dele a administração do armazém de secos e molhados, podendo assim continuar suas pesquisas como farmacêutico amador. Esse “amigo” roubou tudo que pode e fez falir o armazém, inclusive tendo meu avô de vender a fazenda para cobrir as despesas.
A família na miséria, Catita e as filhas inclusive a Lucila, foram morar um porão de um casarão da Avenida Angélica em São Paulo, enquanto ele buscava meios de se recuperar e trazer a família de volta.
– Gente honesta e confiante acho que nunca mais existiu. Ou talvez fosse ingenuidade do seu vô materno.
– E tem mais ainda. Catita e filhas passando necessidade em São Paulo recebem um grande caixote, mas a pessoa que entregou não sabe a origem. Eles não tocam em nada, pois acreditam ser um engano.
Uma semana depois aparece um sobrinho do Bento e se espanta de ver o caixote sem abrir.
– Tia Catita que é isso? Mandei encher de alimentos, pois soube estarem sem recursos e vocês não abrem? Esse meu tio José se deu bem jogando na Bolsa. Mais tarde ele vai me ajudar também.
Minha avó Maria Júlia, casada com o Lolou entra na sala nos interrompendo.
– Venham almoçar! Ou preferem continuar ai lendo essas coisas velhas que ninguém ainda leu e talvez nunca vá ler?
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Continua