Rannie Colle: ‘A vida sem ela…'
Ranielton Dario Colle: A Vida Sem Ela…
Eu fecho os olhos. Apoio as mãos na cabeça. Estou num bar. Uma cerveja por favor. Vejo as mesas. As mulheres. Duas ou três me atraem. Mas nem tanto, você sabe… Penso: “Fumar? Não fumar? Não fumar.” Sem cinzas então. Olho o relógio. Respiro fundo. Vou falar com uma garota. A de longos cabelos pretos. Lisos. Olhos igualmente negros. Pele alva. Sorriso atraente. Melhor não pensar. Ela parece triste. Digo: – Eu tava te vendo… – e mais um monte de palavras derramadas ao vento. Ela sorri. Ponto!
Continuo: – Sério. você fica bem melhor com esse sorriso – (um clichê sincero) Pergunto onde posso encontrá-la. Pretendo vê-la outro dia. Hoje não. Ainda. Saio. Ela me olha voltar pra mesa. Sorri. Acena. “Hoje não”, eu fantasio. Duas horas…
Vou despi-la devagar e observar, sentir, respirar cada milímetro de seu corpo sedento. Vou devorar seu sorriso como um lobo no cio. Farei seus olhos brilharem embriagados no prazer. Seu corpo cederá em êxtase ao meu. Sorriremos felizes.
Ela continua sorridente. Aguardo. Sonho. Observo. Mais uma história. Sem medo o meu olhar fita seu umbigo. Um lindo umbigo. Chegou um cara em sua mesa. Eles conversam. Ele sorri. Fico indignado. Mais um gole…
Tudo bem…” Seus cabelos pretos roçando meu peito, seus dentes no meu pescoço. Minha língua…” Carros passam. Verdades. Desejos. Lembranças. Os dois conversam alegremente. Ok! Há muitas garotas por ai… “You Lost Little Girl” – meu amigo canta – Não desafina. Fica em outra mesa. Estou só. Levanto. Cumprimento os conhecidos. Garçons e frequentadores.
Esperança: Um flerte. “Vou mergulhar de cabeça na lava fervente de sua libido.” Lindo corpo. Loira. Saia curta. Belas coxas. Olhar de pantera. Sem palavras… Eu me aproximo. Ela me olha. Fico sem jeito. Disfarço: – E ai? Eu tava te olhando e… – faço menção de me retirar.
– Fica. – Tá! “Sonhe comigo.” Desejos. Seguro sua mão. A encaro. Ela me provoca, me testa. Vou. Sua boca tem o gosto da sedução. Sua respiração é ofegante. Minhas mãos percorrem, com avidez, o seu corpo. Esbarro na garrafa. Derramo: – Desculpa. – Não importa.
O tempo passa. Quero levá-la ao limite. Suas amigas a chamam. Está tarde. Tchau. Tchau. Eu te ligo. Há um sorriso em seus lábios. Ponto! – Vamos pra outro lugar? – Meu amigo pergunta. – Hortelã – eu digo – O quê? – Tinha gosto de hortelã o seu beijo. Melhor que de cigarro. – Verdade. – E então? – Na sexta. Combinamos na sexta. – Que viagem… Vamos ficar mais um pouco. Meu amigo vai ao banheiro…
Vinho agora. Cansaço. Sono. Fecho os olhos. Volto a olhar a garota de cabelo preto. O cara ainda está lá. O mesmo sorriso idiota. Sou paciente… Talvez amanhã. Ela me lança olhares. Questão de tempo. Ela sabe: Eu a quero! Sorrio pra ela. Ela me devolve com um olhar ardente. Flertes. Brincadeiras. “Minha língua mergulhada no piercing de seu umbigo.” Simples. Fica nisso.
Vamos embora. Meu amigo está cansado. Eu também. Uma última olhada. Alegria. Rá-rá-rá-rá. – Fazer um lanche? – Não sei. Melhor não. – Pra casa. – Pra casa. Ok. Chegar. Tirar os sapatos. As chaves. Despir-se. Deitar em silêncio…
Ela acorda: – Oi. – Oi. – Onde você estava? – Numa reunião com uns amigos. – Ah! Você tem trabalhado muito… – Eu sei. Vê se dorme. Amanhã a gente, você sabe. – Bons sonhos. – Sonhe comigo.
Ela é linda. Observo seu corpo deitado. Adoro tocar em sua pele. Ainda lembro de quando a conheci. Quatro anos já…
Não há mais nada. A cama está vazia. Memórias: –E então você vai voltar, não vai? – Não sei. Eu não sei… Preciso de um tempo. – Mas eu não posso… – Não — “Falô”. Até mais! – Tchau. – Adeus.
“Sua pele alva roçando minha carne em chamas.” Insônia: – Alô. – Alô. – Ela não está! – Não? – Escuta cara, ela não quer mais falar contigo! Se liga! Não liga mais. Ok? – Ta. Eu só queria saber se ela esta b… o telefone ficou mudo. Dias estranhos…
– Dorme aqui em casa hoje mano. Eu preciso conversar. – Não posso! Tá pensando nela? – É. – Desencana. – Tô tentando.
Fecho os olhos. Promessas não cumpridas. Bem-vindo ao reino dos sonhos. Ela não está aqui. Pessoas. Possibilidades. Dormir. Acordar. Trabalhar. Sair. Sair… eu preciso.
– E ai? Lembra de mim? – Eu sou aquele cara que ficou te olhando a noite inteira ontem. – Ah, o que veio, me cumprimentou, saiu e depois ficou com outra menina? Um sorriso sem graça: – Esse mesmo. – Bem vindo estranho. Diversão: — Um brinde. – Por nós. – Por essa noite. E então… olhares. Beijos. Ela tem uma pele macia. Mãos delicadas. – Sabe de uma coisa divertida? (…) — Acontece.
Suas unhas cravadas em minha carne. Temos tempo. Dois caras discutem na mesa ao lado. Confusão. Eu sorrio. Ela me deseja. Queremos o mesmo…
Obras de arte nas paredes do bar. Canções de amor: um fundo musical. Olhares famintos. Libido. Só que você sabe. Ela não é Ela… É outra história que começa. Sem fim. Cíclica. Como a noite. E ela já não espera você voltar! Você devia se acostumar a ideia. Quatro anos!
É divertido. Acorde! Acorde! Acorde! Este foi só mais um mês em coma. Sem mudanças. Sem vida. Sem amor. Sem autoestima. Sem…
– Alô? – Alô mano, e ai? Vamos sair hoje? – Não sei. – Vamos lá… talvez aquelas garotas estejam lá hoje. – Tanto faz. – Deixa dessa. Elas eram gatinhas. Você tem que reagir – Tudo bem, vamos….